RIQUEZA X PRODUTIVIDADE


Texto de autoria atribuída a Pedro Cerize,
Fonte: Gritty Investor – Internet: 09/05/2019


Ninguém sabe os reais motivos de alguém não conseguir, não ter possibilidade ou não querer fazer algo por outros para em troca obter o dinheiro. Quanto mais pobre, menos faz pelos outros e, por consequência, igualmente recebe.  Porém, é certo que nada depende exclusivamente de qualquer um, na vida de todos existe a sorte e o azar inesperados e incontroláveis. Isto determina a necessidade de humildade, ninguém consegue o sucesso (seja lá o que esse representar) sozinho e unicamente com esforço próprio. Ninguém escolhe os pais e o País onde nasceu, apenas para citar o mínimo.   Também é certo que cada pessoa tem um talento próprio. Muitos passam a vida olhando para o talento dos outros desejando ter um pouco do talento deles. Muitos sucumbem ao ciúme ou a inveja  e toda a energia gasta com esses pensamentos é energia que não apenas é colocada  para voltar contra si mesmo negativamente, mas também é tirada de si e que poderia ser usada para o próprio benefício. Todos estão submetidos à escravidão de necessitar fazer algo, mais ou menos diretamente, por alguém para receber em troca o dinheiro, e não importa qual seja o trabalho, mas sim o que pode ser feito para o próprio talento ser usado (ofertado) para o mercado de troca de mercadorias e serviços, com estratégia, confiança, sem choramingar, queixar-se ou criticar pelo que não está ocorrendo da forma como gostaria, pelo que não tem, pelo que não pode fazer, pelo que outros deveriam, poderiam e não fizeram ou fazem, e concentrar-se no que pode fazer de melhor em benefício de outros, que são livres para comprar ou não os serviços e/ou mercadorias de outros. Focar no passado produz depressão; focar no futuro produz ansiedade; foque seus pensamentos na realidade da vida para produzir resultados no presente.

Pedro Cerize discute o conceito de justiça social a partir da leitura sobre a riqueza construída pelo fundador da Amazon, Jeff Bezos.

Tão logo foi divulgado que Jeff Bezos, fundador e CEO da Amazon, ultrapassou Bill Gates como o homem mais rico do mundo, saiu no Twitter um comentário questionando o quão injusto é um homem ter 90 bilhões de dólares enquanto outros não têm água para beber. A mentalidade da esquerda não descansa.

O problema é a forma como a distribuição justa da riqueza é calculada. Propriedade é só uma convenção social. Consumo do produto social deveria ser a medida correta.

Vou ilustrar esse raciocínio olhando para a organização de uma colmeia.

Cada membro tem a sua função. Construir e manter a colmeia, cuidar das pupas, coletar o mel e garantir a segurança são funções de diferentes membros daquela sociedade. Não vemos abelhas ociosas, aposentadas, vivendo de pensão, de ajuda de outras abelhas, organizando o sindicato das coletoras de mel e assim por diante... Cada uma desempenha o seu papel e recebe do todo a sua parte.

Fazendo o mesmo raciocínio para a raça humana. Imagine um visitante de outra galáxia, muito mais desenvolvido que nós humanos, venha aqui e observe o que está acontecendo, assim como nós observamos uma colmeia. Esse ser desenvolvido olharia o que cada membro da “colmeia humana contribui” e aquilo que ele retira da sociedade. De maneira geral, podemos ver uma harmonia social. Tudo que é produzido é consumido nessa mesma sociedade (planeta Terra) e os indivíduos mais produtivos são também os que mais consomem.

Ao observarmos as abelhas, nunca perguntamos quem são as “donas” da colmeia. Mesmo que isso existisse e toda colmeia fosse registrada em nome de apenas uma abelha, qual impacto real na vida das abelhas? A dona de tudo ainda estaria trabalhando e consumindo assim como todas as outras.

Bill Gates criou uma empresa e programas que viabilizaram a criação do computador pessoal. Essa criação deu um salto global gigantesco na produtividade. Indiretamente, ele produziu infinitas vezes mais riqueza que o patrimônio pessoal dele (90 bilhões de dólares). Mas se analisarmos somente o que Bill Gates vai consumir pessoalmente, enquanto for vivo - por mais jatos, casas e vinhos caros que ele possa ter -, isso é somente uma fração do que ele ajudou a produzir. Bill Gates é um grande injustiçado social.

Jeff Bezos revolucionou o varejo aumentando a eficiência e reduzindo o custo de levar os bens de consumo às pessoas. Continua trabalhando como uma abelha qualquer e jamais vai consumir uma fração do que produziu. Jeff Bezos é outra vítima da injustiça distributiva. Podemos falar o mesmo de Henry Ford, Einstein, Tesla, Thomas Edison e outros.

Quando um médico salva uma vida, ele foi responsável por aumentar a produção da humanidade, já que um morto não pode trabalhar. Alexander Fleming, ao criar a penicilina, aumentou incrivelmente a capacidade de produção da Terra e consumiu parcela ínfima dessa riqueza.

Por outro lado, um assaltante nada produz. Apenas toma à força o que outros produziram. Se ele matar alguém, vai destruir tudo o que o indivíduo ia fazer no futuro. Hitler, Stalin e Mao foram responsáveis pela destruição incalculável de riqueza. Essas pessoas, por menos que consumam, sempre vão ser um ônus para a sociedade. Vão sempre ter mais do que mereciam.

O visitante alienígena provavelmente ficaria curioso ao ver que alguns humanos trabalham pouco e param (se aposentam) rapidamente, enquanto outros continuam a trabalhar até o final da vida. Outros (herdeiros ociosos) ainda consomem loucamente durante toda a sua existência sem nunca ter produzido nada.

Se olhássemos o mundo não pelo que as pessoas têm registrado em seu nome como propriedade, mas pelo que elas consomem versus o que elas produzem, o conceito de injustiça social seria absolutamente diferente. Os que vivem de pregar contra as injustiças seriam vistos apenas como aproveitadores, não produzindo nada e consumindo o que outros produziram. Mas, no fundo, é essa a mais pura realidade.

Como todos vamos morrer, só somos donos efetivamente daquilo que consumimos enquanto estamos vivos. Obviamente, estamos dispostos a distribuir parte do excedente daquilo que produzimos aos que, por motivos naturais, não podem produzir para sobreviver. Injusto é consumir muito mais do que produzimos. Injusto é consumir sem produzir. Revoltante é consumir destruindo a produção.

Vamos torcer para mais Jeff Bezos na Terra. A riqueza só é criada por aqueles que produzem muito mais que consomem. E essa riqueza, de alguma forma, justa ou não (dependendo do ponto de vista de cada um), vai ser consumida por toda a colmeia.



Como qualquer estudante iniciante de economia sabe, o preço é uma função da escassez relativa - inundar o mercado com ouro fará ele passar de uma raridade a um produto comum. A oferta aumenta, o preço diminui. Há uma razão mais fundamental pela qual nem um asteróide gigante de ouro não tornaria o mundo fabulosamente rico. Simplesmente porque a riqueza não vem principalmente de grandes quantidades de matéria prima, mas da capacidade de criar coisas que satisfazem os desejos humanos a partir delas. É notório que a grama de ouro bruto vale menos do que as várias peças de ouro produzidas com ele.

Uma fábrica de aço representa riqueza real maior do que o estoque de aço contido dela, porque é usada para fabricar peças para carros, edifícios e assim por diante. Uma simples casa também, porque você pode morar nela ou alugá-la. As habilidades e conhecimentos em uma mente também são uma forma de riqueza, mesmo que não sejam contados nas estatísticas oficiais.

Um asteróide gigante cheio de ouro só acrescentaria um pouco à riqueza real. O metal teria várias aplicações industriais e produziria belas jóias e restaurações dentárias, mas não desencadearia uma nova revolução industrial ou reduziria drasticamente o custo de bens e serviços ou, em geral, tornaria a vida humana muito melhor ou mais confortável, que hoje representam coisas mais desejadas do que o ouro por si. O ouro não tem preços altos apenas porque é raro - muitas coisas raras têm pouco ou nenhum valor de mercado. É porque é raro em relação à demanda das pessoas por isso.

A riqueza não vem de asteróides de ouro ou de depósitos de diamantes. Vem das atividades produtivas dos seres humanos, criando coisas que outros seres humanos desejam. As fabulosas fortunas de De Beers, em última análise, não vieram de seu controle sobre um certo tipo de rocha deslumbrante, mas de sua capacidade de convencer o mundo de que o brilhante poderia ser usado para significar amor e devoção. Em suma, a riqueza já deixou há muito de ser dependente de recursos materiais escassos, mas sim do aproveitamento de maneira inovadora dos recursos escassos. [Extrato parcial (adaptado) de artigo de Noah Smith na Boolberg Opinion, com adições pessoais.] Se olhássemos o mundo não pelo que as pessoas têm registrado em seu nome como propriedade, mas pelo que elas consomem versus o que elas produzem, o conceito de injustiça social seria absolutamente diferente. Os que vivem de pregar contra as injustiças seriam vistos apenas como aproveitadores, não produzindo nada e consumindo o que outros produziram. No fundo, é essa a mais pura realidade.