D.Y, A TAXA SELIC E A INFLAÇÃO

Ser um investidor de longo prazo bem-sucedido é fácil em princípio, mas difícil na prática em razão de diversas circunstâncias, sobretudo as individuais relativas à psicologia de cada um com o dinheiro. Todos são vulneráveis a forças emocionais que podem forçar o desvio do caminho do foco no longo prazo com objetivo previdenciário. Existem muitas armadilhas no caminho para um investimento de sucesso, porém, quase todas são novos velhos problemas que se repetem: intensa profusão de notícias ora otimistas, ora pessimistas econômico-financeiras de “especialistas” respeitados aconselhando a compra ou venda de ativos, as taxas de juros e inflação elevadas. A consequência na maioria incauta é a de render-se ao medo quando os preços estão caindo e à ganância quando estão subindo.

Psicológicamente, em meio a tempestades torna-se mais fácil seguir o que todas as outras pessoas estão fazendo, ao invés de agir independentemente. E tal como John Maynard Keynes: “A sabedoria terrena ensina que é melhor para a reputação fracassar convencionalmente (com a multidão) do que vencer sozinho, ou com poucos (anticonvencionalmente)." 


Fracassar por seguir o conselho de especialistas é bem mais fácil do que fracassar por recusar o consenso quanto aos investimentos e apartar-se do rebanho. A estratégia de investimento no mercado volátil de renda variável apropriada é um desafio psicológico maior que o intelectual. O desafio intelectual está – de certo modo – ao alcance de todo operador, todavia não se pode pensar o mesmo do aspecto psicológico. Saber evitar as armadilhas para colher as recompensas no empolgante mercado de renda variável e aproveitar uma ótima, senão melhor, forma de acumular patrimônio gerador de renda a longo prazo nunca foi para todos, mas poderia ser para muito mais do que se imagina. 

Neste texto será abordado a ilusão do 'investimento' bancário focado em "ganhos"  em juros  e a armadilha da comparação da taxa selic com o dividend yield.


Tome cuidado com as suas certezas.
O grande problema do mundo é que ignorantes sempre têm certeza de tudo  e os sábios estão sempre cheios de dúvidas.
Bertrand Russel - 1872 a 1970

Todos deveriam se esforçar para considerar argumentos opostos, especialmente quando eles desafiam as ideais mais amadas. (Charles Munger). Pior do que a ignorância é a ilusão do conhecimento que faz com que muitos caminhem ao lado do abismo sem perceber, ou vão direto ao encontro dele com a mais forte convicção e determinação, até perceberem que já é tarde demais.

“O mais importante é invisível aos olhos”

[Antoine de Saint-Exupéry – 1900-1944)

A seguir alguns erros que podem comprometer suas decisões: (1) usar como única fonte de informação a literatura da mídia (sentido amplo); (2) ignorar fatos e informações de imediato, sem critica, apenas por que não estão de acordo com seu ponto-de-vista preestabelecido. Lembre-se de que o que é mentira hoje já foi verdade no passado e muitos morreram e mataram por ela; E, muita verdade hoje poderá tornar-se mentira no futuro; (3) acreditar que algo é bom ou ruim sem base nas devidas evidências: informações negativas também são vendidas com aparência de positivas; (4) manter-se no “status quo” sem considerar o que pode estar perdendo por estar nele (no que está fazendo); (5) decidir sem crítica (sem evidência objetiva) contaminado de emoção ao invés da razão: é preciso estar consciente de que a mídia moderna espalha tanto informações úteis e verdadeiras quanto inúteis e falsas. É preciso insistir em buscar padrão elevado de precisão / certeza, muito embora nenhuma estratégia de longo prazo pode prever e muito menos determinar os acontecimentos de modo que eles “caibam” nos planos. Contudo, todo estrategista (e estratégia) de longo prazo pode e deve estar preparado(a) para a necessária mudança dos planos de acordo com a evolução dos acontecimentos que lhes são externos.

O maior inimigo do conhecimento é a ignorância na forma de ilusão do conhecimento.

Muitos têm premissas populares sobre investimentos como verdades absolutas. Para a necessidade do governo brasileiro centralizar a renda do país na União para poder realizar grandes obras como a Petrobrás, Eletrobrás, Nuclebrás, Itaipú, Rodovias, etc.. foram disseminadas mentiras sobre “ganhos” com o dinheiro estocado em aplicações bancárias (CDB, LTN, LCA, CDI), as siglas mudam, mas trata-se da mesma coisa. As motivações produtoras de engano são relacionadas à matemática da inflação e taxa de juros em torno da volatilidade dos preços dos ativos negociados no mercado de renda variável.  Quando surgem notícias de aumento de inflação e da taxa de juros começam a aparecer questionamentos do tipo: esse investimento repõem a perda pela inflação? Ele conseguirá superar a taxa de juros? Essa é uma dúvida amplamente difundida entre quase todos os operadores no mercado de renda variável. 

Em razão desta premissa, surgem relatos do tipo: (...) o investimento só se justificaria se os retornos reais anuais, descontada a inflação, fosse de (...). Esta opinião é como se a racionalidade da expertise predominasse, mas a realidade não é nada assim. Na verdade, é uma grande anomalia. Na realidade, os títulos do Governo (LTN, CDB, LCA, etc) só devolvem aos seus detentores o seu valor principal em certa data futura, que perderá para a inflação do período, ainda que o rendimento não seja sacado.  Dinheiro aplicado em juros é um caso típico de consumo de capital. A poupança do passado é consumida pela inflação, sobretudo se o juros é sacado. Também em razão dessa premissa, a volatilidade do preço dos ativos é o maior gerador de medo na maioria dos operadores na Bolsa de valores. É o que mais impede acreditar que o investimento em ações protege o dinheiro da depreciação pela inflação no longo prazo e faz a maioria operar com visão de curto prazo com foco apenas no preço objetivando ganho apenas por compra e venda de ativos, afastando a maioria do objetivo da segurança financeira, aumentando as fontes de renda, e do objetivo previdenciário de renda passiva com proventos por meio do acúmulo de ativos de boas empresas inseridas em atividade econômica resistente a períodos de inflação, deflação e juros elevados.  Como diz o sábio: "enxerga-se mais com o conhecimento do que com os olhos." As estratégias da diversificação e de comprar o ativo somente quando estiver com preço razoável em relação ao VPA [valor patrimonial por ação], ao P/L [preço/lucro] e ao D.Y [dividend yield] fazem toda a diferença entre o investidor e o especulador de compra e venda e tornam os momentos de queda de preço menos dramáticos para aquele do que este. Considerar que estas variáveis não importam equivale a considerar que o mercado é preponderantemente racional e eficiente, ou seja, que o operador estaria intimamente motivado apenas pelo valor intrínseco da empresa e baseado nos seus indicadores fundamentalistas. Porém, esta não é a realidade. O mercado é assimétrico, os preços das ações não guardam, necessariamente, relação com a razão todo o tempo. As emoções de ganância e medo e as expectativas de otimismo e pessimismo são os aspectos mais determinantes nas cotações. Onde há o mal também pode haver o bem. O investidor com foco no longo prazo objetivando o retorno em renda passiva com proventos vê a volatilidade como geradora de oportunidade e sabe aproveitar as oportunidades possibilitadas pelas  assimetrias  para comprar valor por preços até muito descontados. Pessoas sem esse conhecimento operarão no mercado de renda variável na companhia da dúvida e da insegurança e não obterão o melhor resultado.  É preciso observar um detalhe sobre o indicador da sigla P/VPA. O critério de comparar o preço do ativo ao valor do patrimônio líquido por ação (P/VPA) é muito simples e de conclusão óbvia, exemplo prático: não seria aceitável pagar $ 60.000 por um automóvel no valor de $ 38.000. Infelizmente, essa forma de pensar é muito simplista porque de um automóvel só se esperaria depreciação, enquanto uma empresa tem também o potencial de valorização, ainda que de forma incerta, conforme o clima econômico insondável no futuro. Em outras palavras, embora o preço volátil, o valor patrimonial líquido por ação e a relação entre ambos nos forneça um número conveniente e fácil de entender, avaliar a atividade da empresa com base nele parece racional, mas, em última análise, é uma abordagem que não captura a proposta de valor no tempo e o modelo de negócios de uma empresa. O ativo não fica necessariamente barato porque o preço caiu ou necessariamente caro porque subiu. Sempre considere o quanto o ativo pode entregar daqui para frente. A falta desta consideração indica erro e mudanças de conhecimento são necessárias.  Não se pode pensar somente dentro da caixa do tecnicismo e dos indicadores fundamentalistasPara ilustrar comparo os dados de duas empresas inseridas em atividade econômica distintas: comércio varejista (MGLU) e fornecedora de serviços de energia elétrica (EQPA3).

Na data de 27/12/2021, a MGLU3 (Magazine Luiza) apresentava: P/L: 58,34; LPA: 0,11, P.:6,20, VPA: 1,61; P/VPA.: 3,85. D.Y.: 0,6%.  A EQPA3: P/L: 11,99; LPA: 0,43, P.:5,10, VPA: 1,63; P/VPA.: 3,12. D.Y.: 6,1%.  É preciso investir baseado no valor econômico da empresa e não em notícias de valor de mercado do momento. É preciso discernir que a empresa inserida no setor de varejo (MGLU3) é muito mais vulnerável a fases de inflação e juros altos e concorrência do que uma inserida no fornecimento de energia elétrica, em oligopólio e sem bem substituto e concorrência, tanto interna quanto do exterior. A vantagem da EQPA3 é que ela pode manter pacientemente seus lucros durante tempos difíceis de períodos de economia de baixo desempenho. A experiência mostra que os preços dos ativos podem cair muito, mas certamente reverterão, pois o mercado reconhecerá o valor dessas empresas: a durabilidade e lucratividade recorrente e resiliente.

Com métricas convenientes, prontamente disponíveis, tal como no site fundamentus, os investidores precisam se lembrar de que a avaliação do custo de oportunidade de adquirir ativo de uma empresa é mais complexo do que apenas observar indicadores fundamentalistas. Antes de investir, deve-se considerar a proposta de valor de longo prazo, para além do momento presente, para uma decisão que faça algum sentido. Para o investidor de renda conservador, com medo de volatilidade do valor investido, até ativos de uma empresa do setor elétrico representa nada mais do que um dividendo com pouca ou nenhuma segurança. Em razão do precário discernimento, poucos são os que ficaram muito ricos com investimentos de longo prazo baseados em acúmulo de ativos na Bolsa de Valores, porque poucos são os que veem um futuro brilhante estimando de forma indireta que o seu dinheiro está sendo bem utilizado. Infelizmente, é difícil de avaliar com 100% de garantia e, portanto, um investimento no mercado de renda variável também é para todos uma aposta de que os administradores da empresa executarão bem o seu plano de trabalho esperado. Mas, existem apostas baseadas em racionalidade e apostas baseadas em puro jogo de dados.

Embora seja ótimo um retorno alto, o mais importante é preservar o capital no longo prazo e obter renda de lucros de atividades econômicas (negócios) e não de juros de dinheiro estocado em banco ou em aplicações com intermediação bancária. A diferença é sutil, mas é o que faz toda a diferença para manter a decisão no investimento no longo prazo e o melhor resultado. 

É importante investir em ativo que proteja o capital da inflação, principalmente ao que se refere investimento de longo prazo. Muitos operadores no mercado de renda variável  usam como critério a relação entre o Dividend Yield esperado (% de retorno da relação proventos e preço pago pelo ativo) e a taxa de juros no mercado, que na prática é a SELIC. Esse critério tornou-se uma "crença" popular, amplamente difundida, gerada pela mídia de noticiários econômicos com o apoio em analogia com a teoria do retorno financeiro do investimento em relação à taxa de juros. Na economia este assunto é pontuado no capítulo de título “Taxa de juros e Investimento”. Isso é um grande erro ! É preciso enxergar além do dinheiro, além da avareza do curto prazo. É preciso enxergar as diferenças e separar a aplicação prática de cada uma na vida real, e também nunca considerar apenas o assunto sob o prisma do campo teórico acadêmico. 

De que adianta retorno maior com “investimentos” que correspondem a mero estoque de dinheiro onde a retirada dos ganhos com juros destrói o principal pela inflação? Isso não é investimento e sim planejamento para uma perda programada para a data do saque ! Isso se chama prejuízo certo e não investimento. Em razão de não perceberem a diferença entre investir para receber lucros e "investir" para se "proteger" da inflação com "ganhos" baseados em correção monetária e juros sobre o dinheiro estocado no banco, o dinheiro de muitos (a grande maioria) flui do mercado de renda variável (Bolsa de Valores) para as aplicações bancárias de taxas de juros mais elevadas, ou quando esta é avaliada como alta ou mesmo quando há expectativa forte para que suba. Nessa situação, os "espertos" (especuladores) tentam se antecipar vendendo seus ativos na alta e transferindo o valor monetário para os ganhos em juros. E vice-versa quando o vento sopra na direção exata oposta. Já os espertos (investidores) compram ativos com preços de barganha quando os "espertos" vendem.


imagem obtida do livro Investindo em Ações no Longo Prazo, 5ª Ed, pág.222, do autor: Jeremy J. Siegel, 

Em 1950 a renda média de uma família nos USA era de USD 3.300,00 e no ano 2000 era de USD 41.349. Entretanto, em 2000 essa soma comprava menos de USD 6.000 com base nos preços de 1950. Esse fato representou uma prova clara da inflação da última metade do século XX nos USA.  A inflação e a deflação estão presentes na história desde quando a ciência econômica tem notícia. Em particular no país "capicomunista" brasileiro, a inflação está intimamente relacionada a grandes déficits orçamentários crônicos governamentais por excesso de gastos recorrentes para manter a ineficiência da administração pública e até mesmo a sua corrupção, como ficou evidente pelos gastos relacionados à pandemia do Covid-19 em 2020. Dessa forma, a inflação dá sinais de que o governo está assumindo um papel muito grande na economia, fato que resulta em menor crescimento, menores lucros corporativos e preços acionários mais baixos.

Qual o racional de se investir em ações como proteção da inflação? Vamos supor que uma empresa tenha uma receita de S$100, um lucro de S$10 (margem de lucro de 10%) e que valha S$1.000 na bolsa (múltiplo de 10x seus lucros). Supondo que ela reajuste os preços dos seus produtos em $10, teríamos então uma situação em que a receita passaria a ser $110, o lucro $11 e seu valor de mercado tenderia a se reajustar para $1.100. Nesse exemplo, estou supondo que ela mantenha sua margem de lucro e seu múltiplo de avaliação. Ou seja, o valor da empresa também foi reajustado em 10%, em linha com a inflação. Na realidade, as situações são mais complexas e nem sempre todas as empresas conseguem repassar os preços, seja em razão de sua atividade econômica ou por intervenção do governo. Mas, sempre é melhor investir em empresas com poder de repassar os aumentos aos seus produtos, que normalmente, são as que estão em setores como: serviços públicos, bens de consumo diário ou essenciais, empresas de alimentos, bancos. Além disso, a perspectiva de aumentos de juros tende a impactar positivamente o setor financeiro. Proteção da inflação no longo prazo não significa proteção da volatilidade do preço dos ativos.

A coisa que mais afeta o mercado de ações são todas as coisas. 

[James Paysted Wood, 1966]

Existem vários motivos econômicos pelos quais os preços das ações podem cair, a inflação é uma delas. Em uma economia com formação de preços livres no mercado haverá períodos em que as empresas não conseguirão elevar os preços de seus produtos tão correspondentemente ao custo ascendente de seus insumos e terão seus lucros impactados em razão da impossibilidade de repassá-los, sobretudo de forma imediata, aos consumidores. Um exemplo notório foi o ocorrido nos anos 70 devido ao aumento do preço de petróleo pela OPEP. Por óbvio, os fatores mais importantes que mantêm os preços das ações em patamares compatíveis com o valor intrínseco da empresa são: os lucros recorrentes e a taxa de retorno (Dividend Yield).

A inflação alta contribui para reduzir a margem de lucro de muitas empresas, especialmente as que estão em mercado de muita concorrência e operam normalmente com margens de lucros muito baixas e dependentes de rotatividade elevada de seus estoques, exemplo: varejistas, que não conseguem repassar no preço os seus custos elevados abruptamente. Também em razão do critério contábil para os estoques ser do tipo "primeiro que entra, primeiro que sai", a inflação acarreta aumento de recolhimento de tributos para as empresas comerciais e industriais embora também reduza o lucro com a reposição mais cara do estoque. Some-se a isso a hipótese de elevação dos juros para conter a inflação por expansão monetária que encarecem a venda a prazo. 

Antes da elevação efetiva dos juros, a inflação frequentemente produz o temor entre os investidores de que o Banco Central tome esta medida monetária restritiva que frequentemente é seguida por um arrefecimento econômico que pode implicar em redução de produtividade e, por consequência, dos lucros. Em razão disso, os preços caem por aumento de venda dos ativos pelos especuladores.

Consigo prever o movimento dos corpos celestes, mas não a loucura das massas. [Isaac Newton]

O investidor respaldado no conhecimento adequado sabe que o impacto deste fato não ocorre de forma igual em todos os segmentos da economia e, de modo oposto, está a massa de operadores incautos que parece pensar que o mundo poderá acabar, e faz os preços dos ativos despencarem de valor por excesso de venda a preços cada vez menores, fato este popularmente conhecido como 'efeito manada'. Esta queda do valor nominal do capital investido agrava a crença de que os ativos do mercado de renda variável não são úteis para serem adquiridos e serem mantidos à titulo de longo prazo e para a proteção da inflação, mas somente para comprar na baixa e vender na alta. O foco acaba ficando apenas na taxa nominal da queda do preço dos ativos.

Contudo, diferentemente dos retornos sobre ativos de renda fixa, as ações representam direito sobre o lucro de ativos reais e cujos preços de seus bens e serviços são na grande maioria das vezes, cedo ou tarde, reajustados com base no seu custo de produção que também leva em consideração a perda do valor monetário pela inflação. A inflação eleva os custos dos insumos e, consequentemente, os preços dos produtos, que também refletem a medida da inflação. Essa relação implicará em fluxos de caixa futuros mais altos com a elevação nos níveis de preços. É claro que esta adaptação depende não só da empresa em si, mas da gravidade do fato produtor de inflação/recessão. Daí a importância de saber em que empresa e em que ramo de atividade econômica está investindo: exemplo: oligopólio, monopólio. 

Com a ciência dessas informações, é fácil supor que o investimento em ações, que são frações de direitos de ativos reais,  protege o dinheiro investido nelas da depreciação da inflação no longo prazo. É claro que esse efeito não é visto de forma muito imediata quanto à elevação da taxa de juros para conter a demanda e reduzir a base monetária em circulação. É preciso saber que a inflação em níveis não muito elevado também contribui para o aumento da receita de empresas que conseguem repassar seus custos nos seus preços: exemplos: serviços de energia elétrica;  Seguradoras, cujo fluxo de caixa, constantemente renovado, fica submetido à correção monetária no curto prazo.

A mensagem até aqui é que no curto prazo nenhum ativo financeiro é tão bom para proteção contra a inflação. No longo prazo, as ações  são instrumentos de proteção extremamente boas contra ela, ao passo que títulos baseados em "ganhos" com juros [renda fixa] nunca o são. Some-se a isso o fato que nem sempre todas as empresas e suas ações entrarão sincronicamente em colapso em razão de aumento acelerado da inflação. Não precisa ser alguém pós-graduado em finanças ou economia para deduzir que o resultado no mercado de renda variável, focado em acúmulo de ações, após mais de 50 anos, do maior investidor pessoa física na Bovespa, Luiz Barsi Filho, não foi depreciado pela inflação. Conhecer o passado é necessário para entender o presente e pensar sobre o futuro.

É difícil para muitos separar a sensação de “segurança” das aplicações em juros, com "garantia" do governo, e "correção" pela inflação, das perdas impostas pela realidade. A sensação de “segurança” é ampliada em momentos de “crise” tal como o produzido pela pandemia global que derrubou globalmente a economia e inundou os noticiários diariamente com notícias que aparentavam ter chegado o fim do mundo. Este é um assunto que todo mundo questiona e raramente se questiona. Aqui está a minha resposta.

Muitos que entram no mercado de renda variável em épocas de crises se vangloriam porque começaram a investir com preços baixos, ou em momento de circuit breakers, e por terem adquiridos ativos com preços muito baixos passam a se considerar o investidor mais expert do mundo. A sutil diferença entre o falso investidor e o verdadeiro é que este baseado no correto conhecimento e foco na renda passiva consegue manter a motivação e o foco para fazer os aportes mesmo tendo antes comprado com preços mais altos, pré pânico da pandemia, e vendo o seu investimento desvalorizar sem parar no pico da pandemia. Aquele só enxerga o preço, este enxerga além do dinheiro.

 Ouro e prata dão firmeza aos pés, 

mas acima de ambos está o bom entendimento.

Na vida há coisas que se encontram veladas a ponto de não serem percebidas sem uma adequada astúcia ou compreendidas sem uma profunda reflexão. E sem uma abordagem adequada ainda podem produzir um equivocado entendimento e um precário valor ao indivíduo despreparado. Os órgãos dos sentidos são imprecisos e facilmente ficam desnorteados por força das falsas impressões. Importante saber desde já que há muitas coisas ruins consideradas boas pela massa de pessoas comuns e vice-versa. Há muitas glórias junto aos homens que são coisas vãs. Muitas falsas riquezas são consideradas verdadeiras apenas porque são associadas a uma vida de prazeres e prestígio e, assim, são admitidas como convenientes e de bom-tom. É preciso ir além das aparências e refletir se é valoroso conceder apreço a coisas e situações muito perecíveis. Tudo se encontra em um processo contínuo de transformação e as causas mudam de inúmeras maneiras, e cada vez com mais velocidade. Quase nada é estável e há, diante de cada um, extremamente próximo, um vazio imenso e infinito do pretérito e do futuro em que tudo desvanece. De modo que, para alguém se considerar dotado de habilidade e conhecimento é preciso – no mínimo – estar ciente de que há princípio e fim para tudo no universo. É importante saber se capacitar para nortear-se de maneira propicia uma vez que se pode trilhar tanto o bom caminho quanto o mau. Há muitas coisas [a maioria] que no decorrer da existência gozam de elevado apreço, mas que não passam de coisas vãs que se deterioram, insignificâncias, pequenos cães que se mordem, disputas vazias e sórdidas, como crianças que riem para logo após chorarem. Nunca se deixe seduzir inteiramente pela imaginação que, com efeito, é um hábito de quase todos os humanos.

Quem não deseja um fluxo de renda estável e constante associado a um sentimento de muita segurança. Mas, tudo isso junto não existe, ademais o que é necessário para finalidade de aposentadoria não se consegue com pouco dinheiro, e tempo e dinheiro capitalizado possuem relação inversamente proporcional.

"Um navio está seguro em um porto – mas não é para isso que os navios são construídos." (John A. Shedd ).  

"O Mundo é um lugar perigoso, mas isolar-se escondido nele 

também acabará por destruir-se."

Aplicações em “renda fixa” produzem a sensação de segurança sem volatilidade do capital investido, mas a capitalização no tempo seguindo os indicadores oficiais de inflação perde para o aumento real dos preços. Em razão disso, faz-se necessário preservar o capital da depreciação no longo prazo aplicando-o em ativos reais que combinados gerem fluxos de caixas sólidos tanto quanto a durabilidade, solidez e estabilidade no mercado e resiliência a tempos de crises forem o conjunto das empresas geradoras do lucro, e seus potenciais para crescimento de ganhos e valorização de seus ativos no longo prazo.  Ilustro: Toda empresa não tem a obrigação de seguir de perto qualquer índice de aumento de preços. Cada empresa tem a sua dinâmica própria de preço com base na demanda, oferta e concorrência e, se ela é sólida no mercado há longo prazo, cedo ou tarde, os preços serão reajustados e até acima da inflação e da taxa de juros. A inflação não se sobrepõe à dinâmica particular do de todo o mercado de forma generalizada e indistintamente. O que determina a valorização ou não dos preços e da empresa no tempo é uma série de fatores, dentre os quais o mais importante é o equilíbrio entre oferta e demanda que até pode ser prejudicado pela inflação, mas nunca unicamente determinado por ela. Em determinada fase do ciclo econômico, a demanda pode ficar maior do que a oferta e os preços podem subir muito mais do que a inflação. Em outra fase, onde a oferta é muito maior do que a demanda, os preços podem cair bastante, etc..

A economia funciona em ciclos - com ou sem pânico de crises. Os ciclos econômicos podem ser longos, portanto a comparação minimamente justa do impacto de toda crise geral ou setorial seria a obtida com base em um espaço de tempo que englobasse um período completo de um ciclo. A cotação dos ativos no curto prazo obedece a lei da oferta e da demanda e no longo prazo ela converge para o valor intrínseco das empresas relacionadas aos seus ativos.

Ser investidor é estar preparado para percorrer uma estrada cheia de obstáculos que não têm fim. O futuro é insondável para todos em qualquer país, somente olhando a vida pelo retrovisor os fatos parecem óbvio, pelo para-brisa os fatos sempre são turvos. O melhor momento para se alocar ativos no mercado de renda variável, de preços voláteis, é quando o pessimismo, a inflação e os juros estão elevados. As narrativas otimistas e pessimistas mudam muito mais rapidamente do que a realidade dos fatos associada a eles.  Em julho de 2021 o índice Bovespa estava em 130 mil pontos e falava-se em terminar o ano em 150. Em 01 de dezembro de 2021 estava com 102 mil e sob os efeitos da apreensão com uma nova variante do Covid-19 e influenciados por uma corrida eleitoral antecipadamente. Para estimar algo do futuro insondável a única ferramenta é  analisar o passado, no Brasil a cada semana a sensação é que tudo piorou, mas passados 10 anos, a sensação é de que tudo permaneceu igual e o povo continua esperando por um salvador da pátria.

Algo que é verdade em longo prazo pode não ser verdade no curto prazo e vice-versa. A realidade indica que as escolhas são feitas SEM levar em consideração todas as informações disponíveis, assim como SEM avaliar todos os custos e os benefícios das escolhas. Tudo em razão da falta de entendimento adequado e, mesmo assim, pela premissa que que as escolhas feitas fazem sentido. 

O desempenho futuro de toda atividade empresarial é baseado em suposições e expectativas no presente que podem não se concretizar e estão inerentemente sujeitas aos riscos das incertezas que não podem ser previstas com precisão. Os eventos futuros e os resultados reais podem diferir dos eventos passados e dos estimados. Alguns fatores que podem causar diferenças incluem, mas não estão limitados a: condições econômicas e de mercado, concorrência, litígios trabalhistas, falha na qualificação da empresa em alcançar ganhos, metas ou estimativas de suas operações. Quase todos questionam: "Quem iria querer um investimento que rende apenas x% de dividend yield quando você pode obter um investimento bancário mais seguro que rende 3x% de juros? Porém, reflita: quantas pessoas ficaram ricas na época da inflação de 80% ao mês? A maioria deixava o dinheiro no banco para não vê-lo corroído pela inflação. O dinheiro era corrigido em 80% e havia acréscimo de juros. E quem ficou rico nessa época? E não se iluda com propagandas mostrando tabelas com resultados comparativos entre juros de poupança, renda fixa e ganhos de fundos de investimentos, porque comumente escondem a verdadeira taxa liquida de ganho, usam taxas brutas e que atendem aos interesses de marketing, e comumente não são as reais existentes no mercado, tudo para induzi-lo a entregar o seu sofrido dinheiro para os administradores de Fundos, Corretoras e os Bancos que lucram, entre outras formas, com cobranças de taxas abusivas de administração descontadas sem a devida transparência para o cliente, e emprestando o seu dinheiro para financiar a divida pública. Só quem perde é você !  

O conhecimento pode ajudar a vencer o jogo, mas a sabedoria é o que permite decidir em que jogo vale a pena entrar.

Os 'espertos' saem de problemas que os sábios nem entrariam.

Para um navegador sem rumo, nenhum vento lhe será favorável.

A maioria dos brasileiros não conhece as vantagens do investimento no mercado de renda variável. Enquanto nos Estados Unidos da América do Norte aproximadamente 50% das famílias acumulam ações de sólidas companhias para fim de aposentadoria no Brasil este percentual situa-se em torno de 0,3% [ano 2015] . Esse baixo percentual de pessoas físicas operando na BOVESPA e, ainda, com a maioria dessa minoria operando com o fim de especular e não para acumular (investir) se deve ao desconhecimento que alimentou o preconceito de que o  mercado acionário é um reduto de jogadores e vigaristas.

O mercado de renda variável é importante para o desenvolvimento capitalista. Aplicar o dinheiro em juros do sistema financeiro é ocupar apenas um assento de espectador às margens do rio da vida.

A primeira coisa a saber é que o dinheiro e o ouro não constituem riqueza propriamente dita, são apenas a sua consequência. Eles correspondem ao combustível, ao objetivo do trabalho, da produção de riqueza e de sua troca. Rico é aquele que faz alguma coisa por alguém e em contrapartida recebe o dinheiro, por consequência direta a riqueza real está na prosperidade e na expansão das trocas de serviço , do comércio e da indústria. 

Se a lembrança que se guarda de um acontecimento é melhor do que ele de fato foi, a pessoa buscará, por todos os meios, ter experiências parecidas. Do contrário, a pessoa buscará afastar-se do que considera poder lhe fazer mal. Por conseguinte, as percepções imprecisas de experiências passadas podem levar a decisões não acertadas. Para reduzir a dissonância cognitiva, o cérebro do investidor filtrará ou reduzirá as informações negativas fixando-se nas positivas, o problema pode estar quando o que se considera positivo trata-se de um auto engano causado pela falta de conhecimento adequado.  

Qual a solução para esse viés mental? A única solução é a adequada educação financeira. Como é possível vender-se investimento  cujo valor é aferido a cada minuto sabendo-se que o cliente desinformado sairá do mercado xingando a tudo e a todos assim que houver uma queda? Infelizmente, até para um analista honesto é mais conveniente ver a fortuna de seus clientes estagnada em produtos mais aceitos com menos explicações, tidos por conservadores. Por isso, o conhecimento adequado deve ser procurado sozinho. Ele não será encontrado em terceiros interessados, sobretudo nos Bancos. 

O desenvolvimento econômico é um processo de acumulação de capital, e o mercado de renda variável, quando usado para produção de renda passiva,  desempenha papel-chave na distribuição de renda em um país capitalista. Como? Quando uma Companhia de capital aberto distribui parte de seus lucros aos seus acionistas, e quando recebeu empréstimo ou benefício do governo a lucro distribuído também equivale a parte do empréstimo ou benefício recebido. Não há riqueza com ganhos baseados em inflação ou juros bancários, a verdadeira riqueza é a baseada no lucro com a produção de bens e serviços. Se o seu objetivo é “investir” em algo que lhe pague a inflação e mais um tanto de juros reais, então você quer mesmo é um título público Tesouro IPCA+ e talvez nem saiba disso.

A imagem acima se refere ao headline de uma notícia no site da CNN Brasil em 12/01/2021 que demonstra bem como a maioria dos brasileiros [quase a totalidade] desconhece a diferença entre investir em ativo real e receber lucros preservando o principal (capital) no longo prazo e estocar  o dinheiro em aplicações bancárias para "ganhar" com juros (LTN,LCA,LCI,CDB,CDI,etc.) pensando que está investindo!

Estudar e não pensar é um desperdício. Pensar e não estudar é perigoso [Confúncio]

É um grande erro calcular o custo do dinheiro aplicado em ativo real gerador de lucros com a taxa de juros. São realidades (naturezas) distintas. A jornalista muito provavelmente baseou-se comparando  um índice de correção monetária com um índice (entre vários) divulgado pela Bovespa  que - de verdade -  todos correspondem a uma isca de marketing (mercadológica) para produzir assunto, chamar a atenção e atrair e pescar incautos. Em suma, planejar com essa variável é sinônimo de 'correr atrás de vento' ou acreditar que conseguirá trabalhar para "enxugar gelo" !

No período de 01/01/2017 a 31/10/2017 o Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) acumulado registrou deflação de (-) 2,1158% e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 1,7827. O percentual para correção de aplicação em poupança foi de 5,21532%. Em 08/11/2017, o portal de internet do jornal ‘A Folha de São Paulo’ divulgou que de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, o preço do Gás nas refinarias subiu 56% desde a semana anterior à posse de Temer. Se considerar o último reajuste anunciado pela empresa no dia 03/11/2017 de 6,5% o total de aumento passaria para 66,1%. Nos últimos dois meses (setembro e outubro/2017) os reajustes da Petrobrás para a gasolina acumularam 19,6% e o diesel de 11,3%. A conta de luz subiu 4,16% em outubro de 2017. O preço do petróleo oscilava em U$62 o barril com expectativas de chegar a U$70,00. Considerando as taxas de câmbio e o preço do petróleo até o momento da notícia, a expectativa era de que a gasolina ainda teria que subir uns 20% nas refinarias. 

Em julho de 2020 foi noticiado que o Conselho Monetário Nacional aprovou o lançamento da cédula de R$200, e que entraria em circulação no final de agosto de 2020. A diretoria de Administração do Banco Central informou que a motivação seria devido à demanda da população por mais meio circulante e que esta foi ocasionada pela pandemia de coronavírus  que fez com que as pessoas fizessem mais saques e acumulassem dinheiro em casa em razão da incerteza. Por trás da motivação oficial alegada pode estar um primeiro indício de desvalorização do poder de compra das notas de valores menores. O brasileiro já viu isso antes. A última vez foi em 2002.

Todos já ouviram falar de inflação em algum momento da vida. Muito objetivamente, tecnicamente é o aumento geral do nível de preços que resulta na perda de valor da moeda e da renda das pessoas. Na prática, ocorre inflação quando o preço dos produtos e serviços aumenta. Mais do que alguns critérios técnicos e conceituais, as imagens a seguir te farão entender o que é inflação.


Se você for hoje ao supermercado e encontrar os produtos indicados pelo mesmo preço ou muito próximo, então pode ser que o governo esteja falando a verdade, mas se os preços atualmente estiverem muito acima aos dos indicados na imagem do panfleto então pode ser que a desconfiança da população esteja mais próxima da verdade do que os argumentos oficiais. Saindo dos supermercados e voltando para os investimentos. Qual efeito você acha que esta inflação causa no seu dinheiro enquanto ele está investido em aplicações bancárias baseadas em índices de inflação (LTN, IPCA, IGPM, LCA, LCI, CDB, DEBÊNTURES, etc..) mais juros? Todo dinheiro investido dessa forma, fora de um ativo real de uma atividade empresarial, está destinado a ter o seu valor nominal deteriorado ao longo do tempo em relação ao aumento dos preços dos serviços e mercadorias.

Resumidamente, sob o ganho nominal do dinheiro mantido nessas condições deve-se descontar a inflação acumulada no período a que se referir a análise. Estas duas variáveis são denominadas de rentabilidade real x rentabilidade nominal.

rentabilidade nominal diz apenas quanto se ganhou na aplicação. Se você investiu R$ 100,00 e este dinheiro rendeu 10% no período. Ao final dele você terá R$ 110,00.

rentabilidade real, desconta a inflação da rentabilidade nominal. Essa é a que mais importa. Digo, se um investimento inicial de R$ 100,00 se transformou em R$ 110,00 (10% de rendimento nominal), com uma inflação de 6% no período analisado dizemos então que esse investimento teve uma Rentabilidade Real de 3,77%.

Agora vem o verdadeiro pulo do gato: como garantir que seus investimentos não sofram o efeito da inflação? A única forma de proteger o seu dinheiro é alocando-o em ativos reais. E de que forma isto pode ser feito? Transformando-o em ações de empresas cujos serviços e produtos terão seus preços atualizados pela inflação e custo de produção de acordo com a realidade da demanda e oferta com o consequente ajuste do lucro, do valor da empresa e do valor patrimonial da ação.

A título ilustrativo para reforçar os argumentos citados neste texto, a seguir são indicados os valores do patrimônio líquido e da receita líquida das Companhias AMBEV e Porto Seguro em um determinado período de tempo. No longo prazo os preços das ações tendem a oscilar em valores médios acompanhando o valor da Companhia.


COMPANHIA
AMBEV
ANO:2001
ANO:2016
PAT.LÍQUIDO

R$3.363 BI
R$46.651 BI
REC. LIQUIDA

R$6.586 BI
R$46.050 BI
BI = bilhão
COMPANHIA
PORTO
SEGURO
ANO:1997
ANO:2016
PAT.LÍQUIDO

R$290 MI
R$7.561 BI
REC.LIQUIDA

R$458 MI
R$16.548 BI
MI= milhão. BI = bilhão.


DOIS CONSELHOS DO WARREN BUFFET SOBRE A INFLAÇÃO

Adoraria poder prever os mercados e antever as recessões, mas como isso é impossível, me satisfaço tanto quanto Buffett em sondar empresas lucrativas. 

[Peter Lynch, 1989]

Muitos perguntam: Se há inflação (fato, possibilidade ou perspectiva) o que posso fazer com meus investimentos? A melhor forma de lidar com isso é simplesmente ignorá-la. Sobre isso disse Warren Buffet em 2009, no final da grande crise imobiliária, na reunião anual de acionistas da Berkshire Hathaway: (1) que a melhor coisa que uma pessoa pode fazer para se proteger contra a inflação é investir em si mesmo buscando aprimorar suas habilidades e trabalhar para estar no topo do seu ramo de atividade. “Se você é o melhor professor, se você é o melhor cirurgião, se você é o melhor advogado, se você tem ações de ótimas empresas, você receberá sua parte no bolo econômico nacional, independentemente do valor de qualquer que seja a moeda. Com ou sem inflação, as necessidades e os desejos continuarão a existir; (2) possuir uma parte de "um negócio maravilhoso". Isso porque não importa o que aconteça com o valor da moeda, o produto da empresa ainda estará em demanda. Ele usa um de seus próprios investimentos como exemplo: “Se você é dono da empresa Coca-Cola, vai receber uma determinada parcela do trabalho das pessoas daqui a 20 anos e daqui a 50 anos pelo seu produto e isso não faz diferença o que aconteceu com o nível de preço”, porque as pessoas ainda pagarão pelo preço ajustado do momento pelos produtos de que gostam ou necessitam. Estenda esse raciocínio para os gastos com energia elétrica, internet, e outros produtos de elevada necessidade ou desejo de consumo.

Outro aspecto relevante é a associação de juros elevados com preços de ações caindo. Isto se dá pela falta de conhecimento do que é ensinado aqui, e produz grandes oportunidades de comprar ativos subavaliados de ótimas empresas.

Há mais de dois mil anos não se conhecia o que hoje se denomina de inflação monetária, mas, o judeu conhecido como Jesus de Nazaré alertou com a parábola das 10 moedas a importância de investir o dinheiro para este não perder o seu valor monetário apartado da evolução dos preços que acompanha a realidade social e econômica. Diz a Parábola das 10 moedas: “A quem mais tem, mais será dado. Mas, a quem nada tem até o pouco que tiver lhe será tirado”. Qual o ensinamento nesta parábola? Metaforicamente, a inflação tira o que não deu e colhe o que não plantou. Ela empobrece desvalorizando o dinheiro não investido, seja guardado em casa ou estocado em “investimentos” bancários. Não precisa ser um ‘expert’ em finanças para saber que ela retira a riqueza de quem tem menos mais do que daqueles que têm mais. Como? Quem tem pouco e não investe perde mais rapidamente o pouco que tem. Quem investe com sucesso terá mais do que aquele que não investe. Quanto mais dinheiro disponível para investimento, maior o potencial de ganho. As águas do rio escoam para o mar, onde já existe muita água. É preciso investir para multiplicar o dinheiro ou, no mínimo, não o perder para a inflação. Há um enorme risco em não investir, que é igual a perder todo o dinheiro em um investimento errado. As principais consequências da inércia são:

(1) Perda certa para a inflação.  

(2) Desvalorização da moeda. Ainda que consiga vencer a inflação nos depósitos bancários, você estará correndo o risco de haver um choque cambial, especialmente no hospício brasileiro. Os custos de importação associados a uma moeda fraca acabarão aumentando a taxa de inflação. E, na hipótese de brasileiros expatriados, perderão muito do poder de compra da moeda brasileira frente ao país de moeda que valorizou.

(3) Perdas relativas. Digamos que você consiga vencer a inflação no banco de forma segura e evitar riscos cambiais. Mesmo nesse caso, o retorno  nunca superou outros investimentos de longo prazo. O melhor a fazer é aprender a lidar com a volatilidade dos preços dos ativos no mercado de renda variável e correr os “riscos” aparentes na Bolsa de Valores do que correr os riscos escondidos economizando (estocando) dinheiro em banco.

É claro que faz sentido ter algum dinheiro para emergências. Além disso, pode precisar acumular dinheiro para aquisições ou outro motivo. Mas ficar com dinheiro estocado devido ao medo do desconhecido não é uma estratégia produtiva. É melhor aprender para controlar o medo e enfrentar os melhores “riscos” . Em suma, investir de forma sensata com foco no longo prazo.

A maioria dos humanos pode trabalhar para obter dinheiro. Muitos podem guardar o dinheiro. Poucos sabem como multiplicar o dinheiro. Metaforicamente, qualquer um compra livro, poucos desejam ler  e pensar no que leram. Intenção não é nada sem ação, e ação não existe sem uma prévia intenção. Lembre-se do ditado: não importa quão ocupada alguém esteja, se ela realmente desejar irá priorizar o que realmente lhe interessa. 

Quando funcionam adequadamente, os mercados financeiros ajudam a economia a prosperar e quando deixam de fornecer financiamentos para projetos que valham a pena, quando desviam dinheiro para objetos inúteis, tornam-se um estorvo para a economia. 

Mais uma observação importante. Muitos brasileiros adquirem imóveis , moeda forte e ouro pensando em se protegerem de uma grande crise econômica. Olhe isto assim: Em 1994, você poderia comprar ouro por cerca de US $ 300. Em janeiro de 2020, esse ouro valeu cerca de US $ 1.500. Portanto, isso representa um ganho de 400% - muito bom, exceto pelo fato de levar mais de 25 anos para obter esse ganho. Os investidores em imóveis quando relatam seus ganhos em valorização comumente não observam essa variável tempo. 

Isso chega a pouco menos de 7% ao ano, certamente nada para desprezar. Contudo, há vários outros locais para investir e proteger o dinheiro de uma grande crise. São exemplos: a energia renovável, a agricultura sustentável e, mais recentemente, nas empresas produtoras de cannabis medicinal, apenas para citar poucos exemplos cuja demanda é pouco sensível a renda, aos juros e à taxa de desemprego. 

Se você resolver se proteger comprando ouro, faça-o entendendo que é simplesmente uma das muitas ferramentas no galpão e deve realmente ser usada apenas como parte de um portfólio bem diversificado.

E manter depósito em dólares nos Estados Unidos da América do Norte, é bom negócio? Primeiramente, deve-se saber que isso não significa investimento, pois não representa proteção a perda de valor, sobretudo se o rendimento do dinheiro for baixo. Vejamos o exemplo a seguir:


ENVIO
REAL
CAMBIO
USD

215.000
4,30
50.000
RETORNO
181.500
3,63
50.000

A tabela acima mostra uma perda de 33.500 reais.

Se o foco é reserva de valor em moeda forte, essa não é a melhor estratégia, e pode ser até a pior. Investir em compra de ações nos USA sem considerar uma boa taxa de retorno pode ser um péssimo negócio, além da volatilidade dos preços das ações soma-se a volatilidade cambial. Mas, se o foco é obter novas fontes de renda passiva com razoáveis proventos de ações no mercado norte-americano isso pode valer a pena, apesar da volatilidade cambial.


REAL
CAMBIO
USD
PROVENTOS
CÂMBIO APÓS PROVENTOS
215.000
4,30
50.000
5.000
3,90

E assim por diante. Ademais, se houver repatriação de proventos o principal (quantidade de ativos) não foi reduzido. Tudo pode ser usado para o bem ou para o mal. Os vídeos abaixo ilustram situações onde no Brasil o Governo Federal usou o sistema financeiro de forma inadequada.



Esqueça as estratégias tradicionais para a aposentadoria: compra de imóveis, previdência privada pelo sistema bancário, aplicações em juros (LTN, LCA, CDB, etc.) Tudo isso era o melhor na época dos seus avós ! Observe que as pessoas que ainda fazem isso vivem muito preocupadas com a aposentadoria, no íntimo sentem-se inseguras e perdedoras.  Lembre-se de que investimentos em juros equivale a geração de estoque de dinheiro que só aumentará enquanto houver depósitos que dependem do trabalho de quem os faz, a interrupção da geração de estoque e/ou a sua utilização acelera a sua perda. Investimentos em juros é dependente de uma conduta avarenta. Há quem enriqueça por avareza, mas esta será a sua recompensa.    

E o concurso público ? A partir da reforma da previdência do servidor público não existe mais a possibilidade de um pobre ingressar em uma condição de classe média e ainda passar uma pensão integral para um cônjuge sobrevivente. A realidade agora é a de empurrar a pobreza da família para frente até a data da aposentadoria ou da morte. Acumular dinheiro não é investimento e como ninguém sabe quando morrerá o estoque poderá acabar antes desse fato ocorrer. Administrar com avançada idade locações de imóveis, sobretudo antigos, não é coisa boa e não é geradora de renda produtora de tranquilidade e liberdade para o proprietário. 

Muitos não têm conhecimento de como usar suas economias para gerar renda para a aposentadoria e optam a viver o aqui e agora sem considerar as consequências dessa conduta para o próprio futuro, outro grande erro. 

Todos precisam de renda para viver e quanto mais renda com o atributo da durabilidade e menos esforço para administrá-la  mais tranquilidade terá. Não adianta ir ao supermercado e dizer que não tem dinheiro mas é possuidor de um grande patrimônio imobilizado, porque você sairá  de lá sem conseguir comprar nada. 

O primeiro passo é enxergar de frente essa realidade e adaptar a estratégia para o século XXI. Investir em bens geradores de renda (lucros) que poderão ser reaplicados em um sistema de capitalização composta possibilitando, no tempo, cada vez menos esforço do investidor para produzir renda. Esse é o melhor caminho na época atual. 

O mercado acionário existe nos USA desde as primeiras décadas do  século XX e os Fundos Imobiliários desde os anos 60. Este último iniciou no Brasil no ano de 2002, o mercado acionário só ficou de acesso difundido após o surgimento da internet, antes era preciso viver próximo à Bovespa para ter acesso a informações mais detalhadas, dependia-se de muitos intermediários e das suas interessadas opiniões.  


AQUI  SÃO CITADOS SEIS ESTRATÉGIAS  PARA SE PROTEGER DA INFLAÇÃO

Aumente seu poder aquisitivo: Quando ocorre inflação, pode-se pensar nisso de duas maneiras básicas: uma é que os preços estão aumentando; outra é que o real está perdendo valor para os preços e para as moedas mais estáveis, tais como: euro, dólar, libra. De qualquer maneira, ganhar mais dinheiro é uma solução bastante segura. Use a habilidade que estiver ao alcance para aumentar a sua renda.

Invista no mercado de ações: Se não souber ainda como fazê-lo, saiba que já passou da hora de aprender.  As ações são ativos reais, que equivalem à expressão monetária do conjunto de bens tangíveis e intangíveis de uma dada empresa e sua atividade econômica, que – quando escolhidas e adquiridas de forma correta -  protegem o seu dinheiro da depreciação no longo prazo. No longo prazo, o valor investido acompanhará o valor do patrimônio líquido da empresa, que por sua vez, acompanha o desempenho da empresa, seus lucros, no longo prazo. O investidor ainda pode usar a inflação a seu favor investindo em setores da economia que podem se beneficiar do aumento dos preços, como alimentos, sistema financeiro, tecnologia, materiais de construção ou energia.

Dívidas com Juros pós fixados: Quando a inflação aumenta, o mesmo ocorre com as taxas de juros. Se você estiver carregando qualquer dívida com taxa ajustável, um aumento na inflação resultará em taxas de juros mais altas. Toda dívida nestas condições nunca devem ser contratadas e, se for o caso, convém conversar com seu credor sobre o refinanciamento e a opção por uma taxa fixa.

Reduza as dívidas.:Se você está com uma dívida significativa, um método comprovado para reduzir o custo da sua dívida é contrair um empréstimo de consolidação da dívida a juros mais baixos convertendo todas as suas dívidas com juros altos em um único empréstimo.

Corte todos os custos possíveis.: Cortar despesas também é uma excelente proteção contra o aumento da inflação. Você pode estar pagando mais do que o necessário por suas despesas fixas e variáveis. Procure uma opção de melhor custo-benefício e elimine todos os gastos supérfluos.

Mantenha a meta.: Nem todo mundo acredita que um aumento de juros pelo Banco Central representa um sinal de que a inflação está por vir. De fato, antes de atingir níveis muito elevados a inflação não parece impedir muitos brasileiros de gastar, até mesmo o pouco dinheiro que possui. Ainda que você sinta-se confortável o suficiente com suas finanças atuais para absorver os preços mais altos, não ignore o exagero.

De forma simplificada, o bem-estar financeiro significa cortar custos e aumentar a renda. No mercado de ações você poderá preservar o valor monetário do dinheiro da depreciação e aproveitar os ganhos com a capitalização composta.


Com a leitura completa dos Livros aqui divulgados você entenderá melhor as vantagens do investimentos no mercado acionário.