NOTICIÁRIOS ECONÔMICOS

"O mais importante é invisível aos olhos”

[Antoine de Saint-Exupéry – 1900-1944)

"Uma coisa é o que dizem, outra o que se vê, 

e outra como as coisas verdadeiramente são"


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Equilíbrio é quando o que se pensa, o que se diz e o que se faz estão em harmonia

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"Se um homem aprende com os outros mas não pensa, 
ele ficará confuso;
Se um homem pensa mas não aprende com os outros, 
ele estará em perigo."

"Aquele que aprende com os erros de outros é inteligente; aquele que só aprende com os próprios erros é imbecil"

Embora possam existir notícias dignas de serem consideradas em tempos de crise, objetivamente, muito do que acontece no mercado de renda variável em tempos de acentuada queda de preços deriva dos interesses da mídia em acentuar o pessimismo. Lembre-se: “a mídia” não é projetada para nos dar a pura verdade dos fatos. O seu campo de interesses é povoado por empreendimentos com fins lucrativos. Para isso, é preciso "vender" notícias que produzam interesses em seus consumidores ficarem atentos aos seus canais de notícias para, com isso, atrair publicidades em seus canais, etc. Se os profetas dizem que o mercado vai quebrar em breve, qual é a melhor coisa a fazer? Da mesma forma que não se deve considerar apenas o preço de uma ação desconsiderando o valor da empresa ao qual se refere e o mercado no qual seus produtos e/ou serviços estão inseridos, é preciso saber que fases de prosperidade e recessão econômicas existem de fato, além dos boatos. Todavia, todo grande evento negativo sempre foi seguido de um mercado em alta. Nos últimos 100 anos pré-pandemia de Covid, após a gripe espanhola de 1918, o mercado de ações iniciou o Bull Market que durou uma década e terminou em 1929 com nova grande queda. A história nunca se repete exatamente, mas tende a se repetir de forma semelhante. No curto prazo os especuladores e os investidores serão prejudicados, mas no longo prazo os investidores que souberam o que comprar e mantiveram a posição recuperaram e até ganharam patrimônio acompanhando a recuperação da riqueza global do país e do mundo.

Muitos analistas econômicos são como aqueles que dizem conhecer bem o caminho, mas nunca tiveram a coragem de chegar ao destino com o próprio veículo.

Faz parte do lado animal da natureza humana se impressionar muito com o que vê e ouve no presente; seja o que for. Fomos construídos para responder ao que é imediato e a buscar a gratificação instantânea. Para os nossos primeiros ancestrais era importante notar o que tinha o potencial de perigo, ou a oportunidade de alimento. O cérebro humano evoluiu projetado para se concentrar prioritariamente nos aspectos próximos mais dramáticos e não para examinar o quadro geral e o contexto amplo. Assimilar informações demais leva à fadiga mental, à confusão e aos  sentimentos de impotência. O que se precisa é um sistema de filtragem mental com base numa escala de prioridades e nas suas metas de longo prazo. Saber o que quer realizar ao fim de tudo o ajudará a separar o essencial do não essencial. Assim como a maioria dos elementos da natureza humana, a chave é a consciência. Apenas ao enxergar esses sinais seremos capazes de combatê-los. No mundo de hoje, o raciocínio que não contempla as consequências é uma verdadeira praga que só vem piorando com a velocidade das informações e a facilidade de acesso a elas, o que dá aos indivíduos a ilusão de que estão bem informados e que consideraram a fundo as questões. É normal querer se manter atualizado em relação às últimas notícias, mas basear qualquer tipo de decisão nesses retratos instantâneos é correr o risco de interpretar mal o quadro mais amplo. Ao tornar o seu raciocínio mais focado nas consequências, conseguirá pelos menos se tornar ciente dos efeitos negativos mais óbvios que se seguirão, e isso muitas vezes representa a diferença entre o sucesso e o desastre, sobretudo no futuro distante. Comece a reconsiderar as suas metas de longo prazo. Crie uma escala de valores e prioridades na vida, lembrando-se do que importa de verdade para você. É difícil ver a floresta se só notamos cada árvore. É como se vivêssemos ao sopé da montanha. Aquilo que é mais aparente aos nossos olhos por nos dá uma visão limitada e distorcida da realidade. A sabedoria tende a nos chegar quando é tarde demais, na maior parte das vezes por análise em retrospecto. É preciso esforço para estudar o contexto geral do acontecimento, e não apenas o que nos captura de imediato a atenção. Nunca perca de vista suas metas de longo prazo. Mantenha a perspectiva elevada com paciência e lucidez para atingir o objetivo. Quando lutamos para ir contra a corrente do imediatismo, para considerar com maior profundidade as consequências do que fazemos e as prioridades de longo prazo, estamos nos empenhando para compreender o nosso verdadeiro potencial como animal pensante. Se possível, evite o contato profundo com aqueles cuja perspectiva temporal é estreita, que cultivam uma atitude apenas reativa ao problema do momento, e se esforce para se associar com quem tem uma consciência expandida do tempo.

Com base em um critério puramente matemático, à medida que as taxas de juros aumentam, a rentabilidade relativa dos investimentos no mercado de renda variável, ações e cotas de FII, pode diminuir: exemplo: juros 10% e D.Y 5%. E, sempre que isto ocorre, os aconselhamentos de investimentos com base nesta comparação começam a tornar-se frequente na mídia jornalística econômica. O aumento da taxa de juros também produz expectativas negativas quanto às futuras condições dos negócios, que são amplificadas pela mídia e pelos operadores incautos que também consideram como se o efeito desta fosse igual para todas as atividades econômicas. A carga de informações negativas faz com que aumente o interesse na venda dos ativos e a queda dos preços. As justificativas são variadas, tais como: melhor ganhar pouco do que não ganhar nada; melhor perder pouco do que muito.  As expectativas de aumento de preço futuro tendem a aumentar o interesse nas operações de compra e produz o aumento de preço. As expectativas de diminuição no preço futuro tendem a aumentar o interesse nas operações de venda e queda de preço. A alternância de expectativas otimistas e pessimistas faz com que a quase totalidade dos operadores com foco apenas no valor monetário do dinheiro percam e os investidores de longo prazo ganhem, sobretudo aproveitando as oportunidades de preços baixos para adquirirem mais ativos com valores descontados.  As notícias pessimistas são as que vão ao encontro do instinto de sobrevivência do ser humano, portanto, despertam maior interesse. O desejo de não sofrer dano é mais prioritário do que o prazer, assim como não perder dinheiro está à frente do ganhar. Opiniões muito distantes da realidade não é o problema principal. Pessoas razoáveis e inteligentes também  diferem muito sobre o futuro sobretudo de um mercado impulsionado preponderantemente pela emoção humana relacionada ao dinheiro. O verdadeiro problema está em como essa diferença é tratada tendo como fundo de palco a mídia jogando gasolina na fogueira e querendo fazer valer a opinião divulgada à sua maneira e pelos seus “excelentes” analistas interlocutores mais do que a de qualquer outro. O exagero produzido tem o efeito de causar medo e pânico, tornando uma situação racionalmente ruim em outra emocionalmente ainda pior. Para ser um investidor inteligente no mercado de renda variável, não basta conhecer é preciso saber usar o conhecimento corretamente [sobretudo psicologicamente] a fim de separar os dados úteis dos inúteis, meramente figurativos.

Um pássaro pousa em um galho fino de uma árvore porque a sua confiança de não cair não está no galho, mas nas próprias asas.

Uma consideração mais genérica a respeito do retorno com ações adquiridas com base em critérios de valor intrínseco da empresa a que se referem é que os preços das ações são constantemente afetados por compras e vendas não relacionadas com o valor fundamental/intrínseco da empresa. Um exemplo bem didático seria a de ações de companhias de transmissão de energia elétrica estarem com preços abaixo do VPA, com P/L baixo e D.Y elevado. É raro? Sim, mas existe. Isto é produzido porque a maioria dos operadores são especuladores baseados em “ruídos” e não em fatos realistas. Suas decisões podem ser influenciadas por inúmeras motivações desde o interesse no rebalanceamento da carteira quanto motivos de ordem muito pessoal. Esse tipo de operador com frequência obscurece o valor fundamental da empresa para a massa incauta despreparada. Quando o choque de negatividade desaparece, os investidores que adquiriram ativos bem descontados obtêm retornos mais altos.   No Brasil não temos análises como nos Estados Unidos da América do Norte. Veja isso. Cada queda de US $ 1 no preço da gasolina significa que até US $ 348 milhões estão disponíveis diariamente para o consumidor americano. Mesmo que esse número seja reduzido pela metade, o ponto é que pelo menos US $ 175 milhões por dia (ou US $ 63 bilhões por ano) estejam disponíveis para os consumidores americanos, e isso é dinheiro antes comprometido com custos de combustível, mas agora liberados para serem gastos com qualquer outra coisa. É perfeitamente razoável pressupor que essa sobra monetária inesperada vá mais para o consumo do que para a poupança. Novamente  a lógica simples, é de se supor que, se aos consumidores for dado de presente cerca de US $ 300 milhões por dia em dinheiro, eles o gastarão mais do que pouparão, haja vista ainda que os gastos do consumidor correspondem a cerca de 70% do PIB dos EUA. Isso, por sua vez, aumenta a confiança geral em um conjunto positivo de dados econômicos mais adiante. O fato é que a mídia enfatizou o lado negativo da queda do preço do petróleo, e nada ou pouco falou das consequências positivas da queda do preço, a exemplo da vantagem produzida para as empresas vendedoras de gás. Em razão disso, a maioria perde e as únicas poucas pessoas que lucram são aquelas que entendem essa realidade, e sabem onde apostar na direção oposta a do pânico e compram ativos subvalorizados por vendas irracionais. No exato oposto estão os desarrazoados elevados preços dos ativos comumente motivados por um otimismo irracional alavancado em muito também pela mídia interessada em suas mais variadas formas. É exemplo o interesse das corretoras em captar investidores. Deve-se ter sempre em mente que as taxas cobradas pelas corretoras por operação de compra ou venda estarão sempre presentes independente do lucro ou do prejuízo dos seus clientes. No Brasil, o noticiário do apocalipse gira a partir de janeiro de 2020 em torno da pandemia do Covid-19, a crise do momento. À medida que o tempo passou, até quem não é muito focado nos preços dos ativos do mercado de renda variável, já percebe que as consequências da pandemia estão muito distante do apocalipse imaginado com estímulo dos mais emotivos que racionais noticiários econômicos. A pandemia segue seu caminho e o dia-a-dia do ponto de vista do mercado de renda variável segue o dele, não necessariamente de braços dados um com o outro.  Vejamos:  Em março desenhou-se uma implosão na economia que produziu medo de falências em massa, de falta de liquidez do sistema bancário, de lockdowns severos e longos, de escassez de alimentos nas prateleiras dos mercados, no Brasil e vários outros países, resultando em desejos de venda de ativos na Bolsa de Valores (medo de perda do valor monetário do investimento) e corrida para a “segurança” do ouro e dólar, com a consequente queda do Ibovespa. Na mídia via-se o Congresso Nacional  atropelando o orçamento do executivo, o Banco Central e o Tesouro Nacional divulgando programas de estimulo financeiro para impedir o Brasil de acabar, mas que – inicialmente – ampliou a perspectiva de psicológica da gravidade da crise, não obstante o mais racional fosse considerar que estávamos diante de um crise passageira. Somou-se a isso o ambiente com o clima azedo entre os três poderes. A saída conturbada do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, entre outras.  Um reflexo do pânico fora do mercado  de renda variável foi o gasto de milhões em hospitais de campanha onde em julho passou a ser noticiado que alguns seriam desativados por falta de necessidade. Isso caracteriza bem como decisões são tomadas motivadas mais pela emoção do que pela razão. Mas, como a vida continuou e esta não seria a última crise, de lá para cá as coisas foram mudando. Os mercados passaram a diferenciar com mais facilidade o que era ruído do que era sinal. Alguns sinais passavam uma mensagem de esperança: (1) A inflação manteve-se controlada, a despeito de uma forte desvalorização do real ante o dólar.; (2) A taxa Selic foi reduzida para patamares nunca antes imaginados; (3) A cada semana que passa, aparecem novas vacinas candidatas a erradicar a pandemia, o que não garante nada no curto prazo, mas traz esperança a população. Em suma, a cada semana que passa, surgem notícias em contraponto às notícias apocalípticas de muitos noticiários econômicos. 

A oportunidade é uma deusa desdenhosa, pois não perde tempo com os despreparados.

O objetivo deste blog é alertar os interessados no mercado de renda variável a aprenderem a desenvolver a paciência e a mentalidade emocional enxergando a verdade sobretudo em tempos de pânico, para que possam tomar decisões com base em expectativas  realistas e dados relevantes e não com respostas puramente emocional, haja vista que os preços dos ativos se movem menos por fatos reais e muito mais por especulação. Para agir  corretamente, o interessado deve possuir a capacidade de analisar corretamente as informações e afastar-se de loucuras. O aumento súbito do preço dos ativos lastreados em moeda forte (dólar, euro) e ouro é uma boa ferramenta para aferir a disseminação do pânico no mercado financeiro. Em suma, em mercados voláteis os lucros são possíveis, concentre-se no que realmente importa e afaste-se do ruído. Independentemente das condições do mercado com as ferramentas certas, uma estratégia sólida e um entendimento de como as coisas funcionam, mantendo as emoções sob controle, é possível alavancar a prosperidade não importando quão turbulento o mercado esteja ou possa se tornar no futuro.