“O mais importante
é invisível aos olhos”
[Antoine de
Saint-Exupéry – 1900-1944)
Pessoas de sucesso não acreditam na sorte. Eles acreditam no trabalho disciplinado e persistente no objetivo. Eles acreditam na moral : “Trabalhe duro e você terá sorte”. “Nunca se esqueça de que a tartaruga vence a corrida!” Pessoas de sucesso [seja o que isto representar para cada um] não tratam as coisas importantes de forma aleatória. Eles agem com racionalidade, disciplina e uma perseverança teimosa - eles raramente desistem. Eles falham e se levantam repetidas vezes antes de desistirem. Não há segredo para o sucesso. É o resultado de talento, sorte, preparação e dedicação árduas, e capacidade de aprender com os fracassos próprios e alheios. Os únicos ingredientes que podem ser “igualados” são: preparação e dedicação árduas, e aprender com os fracassos. Esses segredos os socialistas não aceitam ou não toleram.
O mercado acionário é um dispositivo para transferir
Nenhum critério de investimento é completo e possuidor só de vantagens. Todo investimento ou critério de investimento pode ser atacado por aquilo que é desvantajoso. Contudo, vantagem ou desvantagem depende da realidade e da subjetividade [conhecimento] de cada um.
O mercado acionário talvez esteja no grupo dos ambientes que mais brincam com o imaginário das pessoas, palco para sonhos de riqueza e pesadelos de frustrações e perdas. Muitas vezes visto como cassino, lugar para poucos, sujeito a sorte ou manipulação.
Alguns olham com a frustração de quem já passou por uma experiência ruim ou de quem ainda não teve a coragem de entrar – em ambos os casos, reforçando a errada percepção de que é destinado a poucos privilegiados.
Mas isso tem que mudar. O investidor precisa aprender a ver a Bolsa como uma alternativa séria e que traz retornos duráveis, embora variáveis. Um mercado que possibilita tanto estar lado a lado de grandes empresas quanto poder ganhar com o avanço do país e da iniciativa privada, distante do estereótipo de cassino, e mais próximo da realidade de parceria no progresso da sociedade.
Deve ser observado que análises técnicas ou fundamentalistas para serem usadas no mercado acionário podem ser colhidas aos montes em bons livros ou na internet, mas como conviver com o maior inimigo: o próprio investidor, pouca importância é dada. O ponto crucial é: questione-se e aos outros sempre, seja proativo: Por que não deu certo?; Por que ele está sugerindo isso?; Será mesmo?
“Coragem é manter o domínio da razão diante de
situações limites de medo, desejo, dor e prazer”
Cada informação, conceito, dica ou sugestão que lhe desperte a atenção é uma oportunidade de incorporá-la ou descartá-la da sua jornada. Não pense apenas em usá-la para um ganho imediato, mas sim como mais um tijolo na construção de sua fonte de renda. Lembra da história de aprender a pescar e não se contentar com o peixe ganho? Pois é, esta frase dos bisavós ainda vale… Quem faz bem ficará no mediano; quem faz excelente ficará bem.
Não estou dizendo que a técnica e os fundamentos não são importantes. Todo conhecimento não deve ser desprezado, porém, técnica e fundamentos nunca serão colocados em prática se o interessado sucumbir ao seu maior inimigo: ele mesmo, que sabota a disciplina, a perseverança, a paciência e a resiliência, nos quais se baseia o foco na segurança financeira. Nenhuma técnica para resultado de longo prazo sobrevive à falta dessas virtudes.
Não raro isso é agravado pela falta de humildade daqueles que se consideram “experientes” e se julgam imunes a esse inimigo psicológico. Grande engano! Comecemos com a consciência de que nunca estaremos totalmente imunes a esse inimigo. Conseguiremos, sim, manter um relativo controle ao conhecê-lo e sabermos como ele pode nos afetar e estando continuamente atentos a suas investidas.
Até o investidor profissional sofre dos assédios desse inimigo. Nossa primeira reação ao encontrar os primeiros desafios e perdas do mercado é buscar a culpa no lado de fora: o mercado, os tubarões, o controlador mau-caráter, o governo, o Trump, etc..
A lista de desculpas é longa. Ainda que eles realmente tenham impacto nos
movimentos do mercado (afinal fazem parte do mesmo), o conforto de encontrar um
culpado nos tranquiliza. Só que nos afasta dos aprendizados, dos ajustes
necessários e da dura realidade de que teremos que encontrar um caminho para
investir de forma realista, a despeito de tudo o que eles (os agentes do
mercado) possam criar de obstáculos.
A inércia e o vitimismo não são opções e correspondem à armadilha. Caminhos existem, apesar de todas as dificuldades. Comece por aqui: o seu principal inimigo é você mesmo. Reflita sobre essa verdade. É fundamentalmente sobre isso que quero passar para o leitor nos livros que indico neste blog.
Enquanto nossa ilha de conhecimento cresce, no mundo de rápidas transformações também cresce nossa costa de ignorância. Três perguntas fundamentais a serem feitas diariamente a si mesmo: O que já sei?; O que ainda não sei?; O que penso que sei, mas posso estar errado? Essas perguntas devem ajudar na montagem de uma lista de prioridades a respeito do que é preciso fazer, indo atrás, na sequência, das informações necessárias para reduzir os erros.
Poupar [investir para o futuro] é uma tarefa importantíssima, mas por não ser vista como urgente fica posta como sem prioridade nas tarefas [urgências] do dia-a-dia. Sempre existem coisas mais prementes a fazer no agora do que economizar para um futuro distante. O longo prazo é facilmente excluído do topo da mente. É como aquela pessoa muito ocupada que negligencia a academia, que é importante, mas nunca urgente. O Personal trainer é o fator externo que possibilita a muitos garantir que a atividade física esteja no topo da mente. Muitos desejos são como chocolates junto às máquinas registradoras dos caixas. Por mais desejáveis que sejam, podem ficar fora da mente quando estão fora da visão apenas porque não são prementes; mas quando à vista, elas se impõe sobre o interesse de vigiar o peso. É preciso aprender a reverter a negligência [consumismo] para bons propósitos. Podemos pensar nas escolhas como sendo de dois tipos: (1) de vigilância, (2) e de uma só vez. É muito mais fácil fazer coisas de uma só vez do que ter de repeti-la. Para piorar a dificuldade, muitos comportamentos ruins precisam ocorrer apenas uma vez para causar um enorme estrago, são exemplos um empréstimo desnecessário, uma compra por impulso. A luta entre o bem e o mal sempre foi mais desfavorável ao bem. A vida real é mais complicada que o laboratório. Seja de que modo for, aja para que as escolhas ruins sejam mais difíceis de serem tomadas em um único simples momento e organize-se para que os bons comportamentos exijam menos [até pouca] vigilância, mas sejam reavaliados de vez em quando. Ter essa perspectiva o ajudará a lidar com as frustrações que certamente virão. A trajetória de aprendizado é sem fim, e isto deve ser um motivador e não um limitador.
Alcançada a bagagem técnica, o fator comportamental passa a ter um peso muito mais relevante. Warren Buffett, referência recorrente quando se trata de investimentos bem-sucedidos, já disse há muito tempo que não é necessário ser um cientista para ser um ótimo investidor em renda variável, porque investir não é um jogo em que a pessoa com um Q.I. de 160 ganha da pessoa com Q.I. de 130.
O mercado acionário oferece a oportunidade de ganhos expressivos, porém com riscos associados. Muitos dele não participam pelo receio em relação a esses riscos. Outros o abandonam por não ter conseguido resistir a um desses momentos em que a perda relacionada ao risco se materializou.
O primeiro passo é refletir sobre esses riscos a fim de proteger a parte técnica do peso emocional da volatilidade do valor do capital investido. É muito mais válido aprender fazendo do que apenas na teoria. Simuladores ajudam, mas eles são limitados, pois não colocam suas emoções em jogo. Não dói a simulação da perda e sempre se pode começar de novo sem consequências. Assim é importante que se comece de verdade. Outra coisa importantíssima a saber é que a única coisa permanente na vida é a mudança. E a Bolsa de Valores brasileira não passou no tempo de forma diferente.
O mercado acionário brasileiro apresentou avanços importantes nos últimos anos, como o forte aumento no volume negociado e a maior diversificação de empresas e setores. Já houve a época em que havia muita empresa listada na Bolsa de valores, mas poucas eram de fato “investíveis”. O giro diário já foi na casa dos milhões, uma fração do que é hoje [mais de R$ 16 bilhões]. Não existiam sistemas de informações com dados on-line. Para se obter um dado histórico tinha de ir na Bolsa, abrir os livros, olhar nos papéis.”
Na época da inflação de 30% ao mês ou mais, a renda variável “não existia” no Brasil. A participação de investidores estrangeiros também já foi irrisória. Em meados dos anos 1990, com a onda de privatizações, alguns estrangeiros chegaram à Bolsa, mas um crescimento significativo só ocorreu mesmo na década de 2000.
Juros reduzidos têm levado muitos a se interessarem pelo mercado de renda variável — processo que, aliado à expectativa de recuperação mais forte da economia, poderá levar mais empresas à Bolsa.
Em 2018, houve recorde de ofertas de ações, com mais de R$ 76 bilhões, Os IPOs movimentaram R$ 10,2 bilhões. O número de pessoas físicas cadastradas na bolsa já supera 1,5 milhão, Isso são indicadores de crescimento do mercado. Hoje o valor de mercado das empresas listadas em Bolsa equivale a 61,2% do PIB. Essa proporção é muito maior em países desenvolvidos.
No início dos 1990, a Bolsa era dominada por estatais e a liquidez de boa parte das empresas era irrisória. O Ibovespa, que tem mais de 50 anos, já teve a Telebras representando quase 50% de sua composição.
Seja paciente porque as respostas virão se você dedicar algum tempo para pensar a respeito de suas escolhas financeiras, e a vida de modo geral.
Texto até aqui adaptado do original obtido na Internet em outubro/2019 de autoria atribuída a André Barros da empresa Inversa especializada em investimento financeiro.