CONSUMISMO X INVESTIMENTO

 

"Um homem morre realmente quando perde o poder de absorver uma nova ideia"    George Orwell

É muito fácil ser pobre, esta é a condição da maioria.

Não tenha objetivos e metas pessoais.

Não faça planejamento das suas economias.

Seja um consumidor compulsivo.

Se importe muito com opiniões alheias. Dependa muito de elogios e entristeça com as críticas.

Quando sair pra se divertir, gaste até o que ainda não ganhou.

Não tenha investimentos.

Faça investimento sem estudar a viabilidade do retorno.

Seja bom e mão aberta. Todo mundo gosta de um amigo assim, mesmo sabendo que quando estiver na pior fingirão  que não te conhecem. Lembre-se de que muita pena dos coitados pode fazê-lo tornar-se um deles. Pare de se perguntar se você é bom o suficiente para as pessoas e comece a se perguntar se elas são boas também para você.

Se você seguir a risca esses conselhos, ficará eternamente pobre.

Pobreza não é só falta de dinheiro. É também a forma como se lida com ele.

“Finalmente, tenho o que eu queria. Estou feliz? Na verdade não. Então o que me falta? A minha alma já não tem mais aquela atividade estimulante conferida pelo desejo [...]. Ah,  não deveríamos nos iludir. O prazer não está na satisfação, mas na busca insaciável. [Pierre Augustin Caron de Beaumarchais]. Os humanos são marcados pelo desejo constante de possuir o que não tem – objetos projetados pelas suas fantasias. A grama é sempre mais verde do outro lado da cerca. É preciso superar essa fraqueza para ser um investidor de longo prazo.  O dinheiro deve ser cuidado pela necessidade de ser usado no futuro incerto. E o que o futuro incerto trará ao prudente estima-se que será melhor do que trará ao imprudente. Metaforicamente, a preocupação com a água no poço não é porque a sede é insaciável, mas pela sede quando o poço estiver vazio. O que é o medo da falta de dinheiro além da necessidade em si? É a consciência das consequências relacionadas à falta do necessário.  E que orgulho maior pode haver do que aquele que depende da própria coragem e confiança e não da caridade para viver?  

[JULHO DE 2021]

Se você quer viver como 1% melhor vive, precisa aprender o que eles sabem e deixar de fazer o que 99% fazem. Pratique a moderação, tenha bens adequados às necessidades, assim como um sapato que se adequa ao pé. É necessário não ficar escravo dos caprichos. Viver com simplicidade é um mérito, porém, com discrição e nunca para impressionar os outros. Quem faz o que quer no curto prazo [presente] poderá ter que suportar o que não quer no longo prazo [futuro]


É da natureza do sábio resistir aos prazeres, e  do tolo ser escravo deles [Epictetus]

Não vivemos em uma sociedade materialista, é muito pior: vivemos na sociedade das aparências.

A multidão vulgar sempre deixa levar pelas aparências, e o mundo consiste principalmente de multidões vulgares (Nicolau Maquiavel)

“A publicidade cria o desejo de consumir, o crédito fornece os meios e a obsolescência planejada renova a necessidade disso.”

Atualmente o consumismo produziu a crise da luta entre a essência e a aparência. Hoje o mundo exige que a pessoa mostre o que não é, fale o que não sabe e exiba o que não tem. Todavia, existe uma grande diferença entre o poder de ser e o poder de impressionar, e quando precisamos dos outros para nos valorizar, valorizamos indevidamente os outros e não nós mesmos. É preciso se libertar da necessidade da aprovação alheia.


O Homem não pode sobreviver como fazem os animais, agindo no limite do momento imediato. Ele tem que projetar seus objetivos e alcançá-los no longo prazo imaginado, ou antes.; tem que calcular as consequências de suas ações no presente e planejar a sua vida a longo prazo, o seu futuro. Quanto maior a mente do homem e seu conhecimento, maior é o alcance de seu planejamento

O homem não constrói fora de si nada que não tenha dentro de si.

Quanto maior e mais complexa a civilização, maior a variedade de atividades de que necessita, e mais urgente sua necessidade de proteção. A maior e melhor proteção para o futuro insondável é a possibilitada pelo dinheiro.  Além de ser difícil ser rico, em geral os gastos da maioria aumentam conforme aumenta o salário ou a renda. A maioria que consegue guardar dinheiro, sempre o guarda por algum sonho ou objetivo específico de gasto futuro, e quando pode realizar, lá se vai o dinheiro e a pessoa tem que recomeçar de um patamar inferior. Todo mundo – sem exceção – acabará encarando uma(s) despesa(s) inesperada(s) enorme(s) e a maioria não terá planejado especificamente para ela porque não era previsível. Os imprevistos são mais comuns do que imaginamos e economizar para se proteger é importantíssimo. A prudência determina fazer planos para uma longa vida, mesmo sem ser proprietário do dia seguinte.




Liberte-se dos conselhos dos sábios da coletividade, a maioria deles não tem ideia do que está falando. Lembre-se de que as metas são pessoais. Faça um favor a si mesmo, fique rico; a vida ficará mais fácil para você e aos que viverem próximo a ti. Na busca por propósitos, humanos buscam significados para suas vidas em coisas fáceis de serem praticadas, são exemplos: a religião e o consumismo. Se rezar todo dia, ganha pontos. Se não rezar, perde.  Se no fim da vida ganhou pontos o suficiente, depois de morrer irá ao próximo nível, também conhecido como céu. No consumismo você ganha pontos por adquirir novos carros, comprar produtos de marcas caras e passar férias fora do país. E, você diz a si mesmo que ganhou o jogo para aqueles que conseguiram aparentar ter e consumir menos. O significado da vida sempre foi uma história ficcional criada por humanos. Bilhões de pessoas estão imersas em fantasias, perseguindo metas de faz de conta e obedecendo a leis imaginárias.  Assim age a maioria dos humanos há milhares de anos. Pouquíssimos veem o dinheiro como o oxigênio da proteção da dignidade e da liberdade. Viver é participar de um jogo de probabilidades, e cada um tem uma visão sobre as probabilidades dos riscos na própria vida. Somente pessoas que fazem bons investimentos e pensam em preservar a dignidade no futuro é que possuem alguma chance de sucesso. Não é necessário um motivo específico tangível, visível para outros, para investir (guardar dinheiro). A maioria dos custos na vida são imprevisíveis e não tem uma etiqueta de preço visível. Incertezas e imprevistos fazem parte significativa na vida, é preciso estar preparado para eles. A única fonte de auxílio que se pode recorrer sem ofender a própria dignidade é o próprio dinheiro. Faça da margem para imprevistos algo sagrado, ela é que te manterá no jogo da vida. Lembre-se de que nada que vale a pena é de graça, preservar a dignidade pode custar caro.




Atribui-se ao matemático Daniel Bernoulli, em 1738, os esforços iniciais em fornecer a definição, quantificação e diretrizes às decisões racionais. Ele introduziu o conceito da ‘utilidade’ como o principal critério para preferências nas escolhas. Entenda-se por ‘utilidade’ a propriedade em qualquer coisa pela qual se espera produzir benefício, vantagem, prazer, bem ou felicidade. A 'teoria da utilidade' tornou-se o paradigma favorito na definição de quanto risco as pessoas se dispõem a correr na esperança de obter algum ganho em meio a tantas incertezas. Todavia, ele não considerou que o desenvolvimento muito além do seu tempo faria humanos desejarem mais mesmo quando, por qualquer padrão de medição objetivo, já possuíssem o suficiente, apenas para afastar a sensação de não ficar atrás de outros, seja o que isto significar. A visão de Bernoulli foi unidimensional, os dilemas da vida costumam ser multidimensional: as perturbações da incerteza e dos ciclos econômicos devem constar no roteiro, exemplo: o clima influencia a colheita que influencia os preços que influencia os salários e nível de emprego. O mundo está cheio de coisas desejáveis, mas a quantia que cada um tem e está disposto a pagar difere de uma pessoa para outra. Além disso, quanto mais se tem de algo, menos disposição há de pagar para obter mais do mesmo, em razão do não aumento da utilidade na mesma proporção do gasto. Seus ‘insights’ não consideraram de forma mais ampla a natureza humana. A natureza pôs a humanidade sob o governo de dois senhores soberanos: a dor e o prazer. O princípio da utilidade reconhece essa sujeição e a pressupõe como fundamento do sistema de escolha de gastos e tomada de decisão estruturados pela razão. Isso evoluiu entre os economistas a partir do século XIX para a conhecida lei da oferta e da procura. O foco passou a ser na oportunidade melhor do que outra, o jargão passou a chamar-se de “custo de oportunidade”. Todas as ações dependem da comparação entre quantidades de vantagens e desvantagens. Com o passar do tempo, um número crescente de aspectos da vida sucumbiu a uma representação de quantificação numérica; o vocabulário das ciências naturais gradualmente foi infiltrado no mundo da economia e finanças, com termos tais como: engenharia financeira, análises gráficas, retorno à media.


Seja mais legal e ostente menos. Ninguém fica tão impressionado com as suas posses do que você. Para outros, elas podem representar mais motivo de inveja do que de admiração. Muitos que desejam carros ou  relógios caros provavelmente desejam de fato respeito e admiração, e é mais provável – e barato – que se conquiste essas coisas por meio da bondade e da humildade do que com motores potentes e metais preciosos. 

Você não precisa ser apreciado por todos. Você também não aprecia todo mundo.

As pessoas podem ficar chateadas quando você escolhe você ao invés delas. Escolha você de qualquer modo.

Quando se fala em investimentos, a primeira coisa que os especialistas em finanças recomendam é gastar menos para poupar e sobrar dinheiro para investir. Um tanto óbvio, mas que as pessoas simplesmente têm dificuldade em fazer. Da mesma maneira, sabe-se o que se deve fazer para emagrecer. Ainda assim, são poucos os que têm determinação para tal. Se as pessoas têm consciência do que deve ser feito para economizar e investir, por que então é difícil sobrar dinheiro ao final do mês? A única certeza no longo prazo é a da morte para todos. Mas, como não se sabe a data da morte, todos são obrigados a viver os riscos do curto prazo e, prudentemente, sem ignorar as consequências das ações no presente e os riscos ocultos no longo prazo. Conceitos muito consagrados sob certas circunstâncias no presente já produziram desastres em outras no futuro? Como seres vivos somos forçados a agir, mesmo quando nosso conhecimento atual não fornece uma base suficiente para uma expectativa impossível de ser aferida com precisão matemática. Assim, são usadas regras práticas, experiência acumulada, e instinto – em outras palavras, intuição: aplicação de probabilidades aprendidas com a experiência passada com  observações baseadas no conhecimento acumulado. Assim, abre-se diariamente o caminho do presente para o futuro, de forma flexível, com análise multidimensional, sempre  questionando de forma constante a relevância das hipóteses que sustentam a análise e a decisão.

“Não se pode ter tudo e ainda que pudesse não garantiria significado a vida de ninguém; e pode acabar significando apenas excesso de bagagem.”

Preocupe-se em deixar seus filhos bem instruídos e não apenas rico; as perspectivas para o bem instruído são melhores que a riqueza para o ignorante. [Epictetus]


Todos, e em qualquer lugar, são bombardeados por muita publicidade induzindo o consumo; é óbvio que se torna muito difícil resistir quando se tem uma formação incipiente, e/ou profundas inseguranças pessoais.  Qual o problema dos desejos para o investimento? Ele é insaciável. O maior bem desejado pela mentalidade rica é a liberdade. Rico pensa sempre em LIBERDADE: Financeira, de Tempo e Geográfica.  Saber o que deve ser feito para poupar não é suficiente. A dificuldade de economizar é sintoma de um problema, que deve ser devidamente compreendido. A mentalidade sai e depois a realidade vai atrás! A mentalidade está sempre à frente da realidade. A realidade colhida hoje é fruto do que a mentalidade plantou ontem. Para focar em liberdade, a mentalidade deve estar livre para aprender e mudar. Não é de hoje que somos bombardeados por propagandas que associam e condicionam o bem estar humano ao consumo de bens materiais e à valorização de determinados costumes. Com a personificação da publicidade pelas redes sociais, as pessoas parecem estar ainda mais ávidas ao consumo. O advento de influenciadores digitais, que misturam intimidade com divulgação de produtos e de um lifestyle apelativo ao senso comum de sucesso, causa um impacto muito maior no indivíduo, aumentando sua ansiedade para adequar-se aos padrões comportamentais divulgados. Soma-se a isto a influência de seus próprios contatos.

Uma vez Charlie Chaplin se inscreveu em um concurso para sósias de Charlie Chaplin e ficou em 3º lugar. Isso mostra que se depender da opinião dos outros você não serve nem para ser você mesmo.

Uma mentira não se torna verdade, um erro não se torna um acerto e um diabo não se torna Deus apenas porque são aceitos pela maioria.  

(Booker T. Washington)

“Gastar dinheiro para mostrar às pessoas quanto dinheiro você tem é a forma mais rápida de ter menos dinheiro.”

As pessoas tendem a desejar a riqueza para usá-la para serem admirados. Não é óbvio para muitos que gastar o dinheiro com coisas além do razoável ou necessário sobretudo com  bens muito depreciáveis poderá fazer o seu possuidor terminar sem as coisas e o  dinheiro. Quando essas pessoas dizem que querem ser milionárias, estão de fato dizendo que gostariam de gastar 1 milhão de dólares, todavia isto é literalmente agir no oposto de uma mente milionária.  O investidor Bill Mann observou : “Não há forma mais rápida de sentir-se rico do que gastar muito dinheiro com coisas caras.” Muitos gastam até o dinheiro que não têm. A verdadeira fortuna é algo escondido e seus melhores benefícios são intangíveis. Ela é constituída por bens muito pouco ou não depreciáveis, de baixo custo de manutenção, geradores de renda passiva que possibilitam o crescimento patrimonial sem ou com muito pouco esforço de seu possuidor e permite que este dite os rumos da própria vida no seu tempo.  Todos estão ciente das coisas tangíveis ligadas ao dinheiro, e não  percebem as intangíveis que são muito mais valiosas e capazes de aumentar a felicidade do que as tangíveis: a flexibilidade, liberdade de escolha e geográfica, a possibilidade de esperar a melhor oportunidade de agir, ter mais tempo para pensar,  criar a sua própria rotina de acordo com seus próprios valores, o sentimento de segurança financeira para honrar os compromissos básicos de sobrevivência digna, todos são de valor imensurável e estão ocultos na subjetividade de cada indivíduo. Guardar dinheiro apenas para um objetivo específico tangível só faria sentido em um mundo previsível, porém, o mundo não é assim. O dinheiro é uma proteção contra o incontrolável, o insondável, o incerto, o aleatório, em suma, tudo de ruim que a vida tem demais para nos surpreender. Cada dinheiro investido com esses objetivos é como pegar um momento no futuro que seria de propriedade de outra pessoa e devolvê-lo a si mesmo, é como comprar a paz da segurança financeira.

A ideia generalizada de que quem tem dinheiro o gasta mostrando o gasto aos outros, faz com que a maioria não enxergue a prudência financeira dos verdadeiros ricos,  não aprendam com eles e não percebam as vantagens intangíveis da riqueza. São pessoas que só  entendem o que  podem ver. Por isso, o mundo está cheio de pessoas que parecem modestas, mas que, na verdade, possuem fortunas, e de pessoas que parecem ricas, mas que vivem próximo ao fio da navalha da insolvência. Tenha isso em mente ao julgar precipitadamente o sucesso dos outros e ao definir os seus valores e objetivos de riqueza.

Analogia: “O mundo aumentou sua “fortuna energética” relativamente sem aumentar tanto a produção, mas, sobretudo, ao diminuir o consumo no que precisava. Um exemplo notório é a redução no consumo de combustível dos automóveis. Os USA usam 60% menos energia por dólar do PIB hoje do que usavam em 1950.”   Reduzir gastos supérfluos costuma estar mais ao alcance imediato do que aumentar a renda. Muitos trabalham 80 horas por semana para acrescentar um décimo percentual aos retornos, enquanto – sem perceber – mantêm um percentual maior de excessos de gastos desnecessários. A partir de um determinado nível de renda, tudo o que é preciso fazer é não alimentar o ego com futilidades. Pessoas com um longo sucesso em finanças tendem a não dar a mínima para o que os outros pensam delas. É possível gastar menos se desejar menos. E desejará menos se não se importar tanto com o que os outros pensam de você. A riqueza tem tanto (ou mais) a ver com a psicologia do que com a teoria financeira propriamente dita. Edward Bernays, um dos maiores gênios do marketing que existiu, também foi um dos maiores especialistas em manipulação. Ele conseguiu que uma mentira fosse aceita como verdade, que um erro se tornasse um acerto e o diabo se tornasse Deus apenas por serem aceitos pela maioria. 

E. Bernays é o pai do consumismo nos USA [pesquise no YouTube]. O trabalho dele era entender o funcionamento da mente humana para criar nela desejos de consumo de itens totalmente dispensáveis. Está com cefaleia, compre isso; está triste, compre aquilo. Está se sentindo menosprezado, compre aquele produto muito caro. Para obter essa profunda compreensão da mente, Bernays utilizou-se da produção intelectual de seu tio, ninguém menos que o pai da psicanálise, Sigmund Freud. Entendeu a origem dos nossos desejos para itens dispensáveis e, a partir daí, aprendeu a manipular as pessoas a desejarem ainda mais. Uma de suas proezas foi a de ajudar a indústria de cigarro, adicionando milhões de novos consumidores no mercado. Naquela época, o fumo era considerado um hábito exclusivamente masculino, mas as fábricas de cigarro perceberam que se mulheres também fumassem, o mercado poderia dobrar de tamanho. Então Bernays trabalhou para quebrar essa tradição e “normalizar” o consumo de cigarro por mulheres. Teve grande sucesso em sua campanha que associava o consumo feminino de cigarro a “tochas da liberdade”. O próprio Bernays achava incrível o quão fácil era manipular as massas.  A compreensão, pelo menos em algum nível, de como a propaganda nos atinge é fundamental para que possamos reduzir o efeito dela em nossas mentes. A consequência disto é o consumo consciente, em que somos capazes de subtrair de nosso cotidiano o que é dispensável, facilitando então, a sobra de mais recursos para investir. Dependendo do grau de compreensão, podemos não somente anular o desejo de consumo inútil, como também nos tornar independentes, indissociando a felicidade da posse de algum novo produto. Imagine, hoje em dia, uma propaganda enaltecendo os fumantes e associando o cigarro à liberdade e à plenitude. Soaria no mínimo incongruente, concorda? É notório o mal que o cigarro causa e esse tipo de associação evidenciaria um desejo de manipulação. Simplesmente não funcionaria. Hoje, o que se vê nas redes sociais é igualmente fictício. A diferença é que a sociedade ainda acredita nesse ambiente, como no passado se acreditou que fumando um cigarro poderia se aproximar da beleza, elegância e poder. Não há mais felicidade sendo vendida através da fumaça do cigarro. O que há são pessoas se mostrando felizes porque têm tal relógio, carro, tênis, fazem viagens, são empreendedoras de sucesso, possuem corpo moldado perfeitamente aos padrões inatingíveis pela maior parte da população, por isso muito filtro e Photoshop. Isso revela um sintoma inequívoco de uma sociedade subalterna, capturada pela ilusão de que estes elementos são a representação do sucesso, da felicidade.

Compro, logo existo ! O Ser Humano acredita mais no pavão do que em um simples galo.

Quando as pessoas se sentem bem com sua situação atual e otimistas com o futuro, elas também gastam mais e economizam menos. Até tomam emprestado para aumentar seus prazeres ou seu potencial de lucro, mesmo que isso torne sua situação financeira mais precária. Conceitos de precariedade são esquecidos em períodos de otimismo, e se mostram dispostas a pagar mais pelo valor atual com base em um valor futuro maior meramente ilusório. Os extremos dos ciclos econômicos são, em grande parte, resultado das emoções e fraquezas humanas, de sua falta de objetividade e distanciamento da racionalidade. Segundo um artigo publicado na revista The Economist: “os piores empréstimos são concedidos nos melhores períodos.” Isso leva a destruição do capital, leva a tomada de crédito para investimentos cujo custo do capital é maior que o retorno sobre o capital, e até mesmo a nenhum retorno. O que se percebe hoje é que não é mais a empresa a grande protagonista da propaganda. São os próprios consumidores. Quando querem se mostrar felizes, posam orgulhosamente junto a algum produto, divulgando-o de graça aos seus contatos. Não é surpresa que a confiança é a melhor forma de publicidade. É o seu amigo, e não a empresa, a recomendar o produto. Infelizmente as pessoas que seguem estes padrões impostos de consumo só serão capazes de ser verdadeiramente felizes se a eles forem subservientes. A vida pode tornar-se banal, pois a miséria existencial refletida por esta crença, em que se reverencia todos esses “decretos” de consumo, afastam-nas de resultados que tragam algum tipo de satisfação robusta e duradoura. Acreditam ser este o caminho para um oásis, quando na verdade, rastejam para o ponto culminante da mediocridade. A crença no sucesso e na felicidade pelo consumo desenfreado e inconsciente rejeita qualquer espécie de felicidade extraída de experiências simples ou baratas, não associadas diretamente à posses materiais ou adequadas aos padrões comportamentais impostos.

Cuidado com as pequenas despesas, um pequeno vazamento é capaz de afundar um grande navio.

Pequenas negligências reiteradas podem gerar grandes danos: por falta de um prego a ferradura se perdeu; por falta da ferradura, o cavalo se perdeu; por falta do cavalo, o cavaleiro estava perdido – sendo alcançado e morto por um inimigo. Tudo por falta de cuidado com um simples prego de ferradura [Benjamim Franklin]

Se grande parte do consumo é inútil, então qual seria a necessidade de investir dinheiro para ter mais no futuro? A resposta desta pergunta pode ser respondida somente por você, pois o consumo em si não é bom ou mau. O que determina algum grau de subserviência é se o desejo está ligado ao status, carência ou se trata de um desejo genuíno. Por exemplo, existem diversas formas de desejar um carro como um Ferrari. Uma delas seria por status, a outra, por uma sensação de diversão que pode ser comparada ao desejo genuíno de uma criança por um brinquedo. Logo, o indivíduo deve se perguntar se este desejo responde a que tipo de estímulo. Carência? Insegurança? Ou simplesmente a busca por uma experiência pessoal verdadeiramente extraordinária? Essa resposta é impossível de ser respondida baseada somente no desejo em si.

Quem faz tudo o que deseja no presente, deverá estar preparado para suportar tudo o que não deseja no futuro.

A vida é uma aventura, mas aventuras bem planejadas produzem desfechos melhores. A covardia é um vício, mas a imprudência também

São as respostas psicológicas aos diversos fatores envolvidos com o dinheiro que fazem os humanos reagirem de forma exagerada distante da racionalidade, assim, determinam amplitudes exageradas das flutuações cíclicas, no mercado de renda variável supervalorizando as empresas quando as considera indo bem e subvalorizando quando as considera indo mal. Acreditando que os períodos bons nunca terão fim ou que os períodos negativos nunca serão revertidos.  No final, as árvores nunca cresceram até o céu, e poucas coisas de fato boas chegaram ao zero. A maioria dos fenômenos e fatos preocupantes acabam se revelando apenas cíclicos. Os investidores experientes sabem que os ciclos nunca deixarão de existir e transformam esse entendimento em uma vantagem. Agora a parte legal: Por que o investimento em Fundos Imobiliários ajuda a economizar? Muitas pessoas que leram até aqui podem julgar que se encontram na categoria das iludidas por esse ambiente fictício da propaganda, compreender e até concordar com esse texto, mas ainda assim não conseguir se libertar totalmente dessas amarras. Eu não tenho pretensão nem a ilusão de que podemos nos livrar facilmente de todas as manipulações e desejos consumistas. Eu, que reflito bastante sobre o tema, não sou livre desse problema. Pelo menos tenho consciência e nem um pouco de orgulho quando desejo ter algo por resposta a algum sentimento de impotência. O passo inicial e o mais importante é termos consciência da servidão e em qual grau ela nos atinge. Esse é o primeiro passo para tentar combatê-la e finalmente conseguir economizar, mesmo que você não se livre de todos os desejos inúteis de consumo. Com os Fundos Imobiliários esse processo tende a ser mais fácil em razão da renda mensal. Vamos supor um cenário que seja possível se livrar da ânsia pelo consumo somente em algum grau. Como os Fundos Imobiliários geram rendimentos aos seus cotistas todos os meses, podemos começar tentando dar valor pelo menos à renda que ele nos gera. Usar a renda mensal é menos mau do que usar o principal que pode gerá-la. É como consumir os ovos e preservar a galinha. Por exemplo, R$ 10.000,00 investidos em Fundos Imobiliários são suficientes para se obter uma renda possível de R$ 65,00 mensais ou R$ 780,00 anuais, com grau de previsibilidade muito acima da média de outros tipos de ativos que geram dividendos, facilitando enormemente a utilização dos recursos provenientes da renda no longo prazo. Em vez de pensar no que R$ 10.000,00 poderiam proporcionar no presente, pense no que R$ 65,00 mensais ou R$ 780,00 anuais, por prazo indefinido, podem proporcionar, e ainda podendo sobrar um pouco para alguma outra aquisição ou reinvestimento, se pensar anualmente, seria suficiente para aquisição de uma passagem de avião para algum destino interessante. O fundamental não é se livrar do consumo, mas dar valor e extrair o máximo que este possa lhe proporcionar.  Economizar tem tudo a ver com psicologia e filosofia. Sem o pensamento não haverá como combater o desejo de consumo, o que causa a dificuldade de reservar dinheiro para investir. E sem questionar não saímos do lugar, não evoluímos como indivíduos. Só repetimos os mesmos erros e acertos.